(FLÁVIO TAVARES)
A nova estratégia para controlar vilões como a mosca-branca, que ataca árvores, e os pulgões, que infestam hortas, já tem data para ser iniciada em Belo Horizonte. Em março de 2019 começa a distribuição de kits de joaninhas que irão combater as pragas na capital. Os insetos estão sendo produzidos desde julho deste ano, no Parque das Mangabeiras, na região Centro-Sul. O prazo é necessário para que o estoque chegue a mil vermelhinhas.
A ideia, implantada com sucesso em Paris, na França, é coordenada na metrópole pelo especialista em entomologia Dany Sílvio do Amaral. Há cerca de quatro meses, ele gerencia uma equipe de quatro profissionais que utilizam um espaço que estava há quase cinco anos sem uso no parque. O investimento feito na chamada na Casa Amarela, que já abrigou projetos sociais, é de R$ 40 mil. Todo o valor é proveniente de compensações ambientais.
“As pessoas perguntavam o porquê de as joaninhas estarem desaparecendo de Belo Horizonte. A cidade tem se tornado cada vez mais artificial, o que diminui a presença de vários organismos, como as joaninhas. Então, nosso objetivo é resgatar a biodiversidade e associar à produção de alimentos para controle de insetos que poderiam causar problemas”, explicou Amaral, que é gerente de Ações para a Sustentabilidade da prefeitura.
As joaninhas não trabalham sozinhas. Além delas, os biólogos criam crisopídeos, insetos parecidos com traças e conhecidos como bicho-lixeiro.
A biofábrica funciona em dois cômodos simples, em que as larvas, ovos e adultos são criados em pequenos vasilhames. A meta é produzir 500 bichos por mês, para que sejam distribuídos 5 mil “inimigos naturais” ao ano.
Pesquisadora da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), a entomologista Madelaine Venzon descarta o risco de desequilíbrio ambiental com o elevado número de joaninhas e crisopídeos no futuro. “A população desses insetos varia conforme a disponibilidade de alimento. À medida que as pragas forem mitigadas, a quantidade deles vai diminuir naturalmente, uma vez que são espécies naturais daqui”, afirmou a bióloga.
Distribuição
Ainda não há uma escala definida de como será o acesso aos kits, mas a ideia é distribuir para qualquer interessado que tenha uma horta. “Cada um levará um potinho, estilo de exame de sangue, com serragem, larvas e insetos adultos, além de um manual de como agir. É só espalhar na horta que naturalmente as joaninhas farão a parte delas. E importante: elas não comem folhas. Se alimentam de pólen das plantas, somente”, salientou Amaral.
Para ajudar na proliferação das espécies, serão distribuídas também porções de sementes de plantas que atraem os inimigos das pragas, como de girassol e coentro. “Porque fazem parte da dieta deles e hoje a cidade tem poucas flores”, acrescentou o coordenador.