Dobra o número de assassinato de jovens em Minas Gerais

Renato Fonseca e Carlos Calaes (*) - Do Hoje em Dia
19/07/2012 às 11:53.
Atualizado em 21/11/2021 às 23:41
 (Renato Cobucci/Hoje em Dia)

(Renato Cobucci/Hoje em Dia)

Eles têm idade para brincar, estudar e, alguns, iniciar uma carreira profissional. Porém, brinquedos, aprendizado e o sonho de entrar no mercado de trabalho foram interrompidos pela escalada da violência. Os assassinatos de crianças e jovens entre 0 e 19 anos mais que dobraram em Minas nos últimos dez anos. Na última década, os homicídios para cada 100 mil habitantes desta faixa etária, no Estado, cresceram 106,7%, índice sete vezes superior à média nacional (15,8%).
Em 2010, foram 657 vidas perdidas devido à criminalidade, contra 361 em 2000. O envolvimento com o tráfico de drogas e o crescimento da violência em cidades do interior são apontados com os principais responsáveis pelas mortes. Os dados fazem parte do Mapa da Violência 2012, estudo feito pelo Centro Brasileiro de Estudos Latino-americanos e pela Flacso Brasil, divulgados na quarta-feira (18).

Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), lidera o ranking de homicídios, por grupo de 100 mil habitantes entre 0 a 19 anos, em Minas. Cinquenta e três jovens foram assassinados na cidade em 2010. A taxa é de 41,1. Já a capital mineira, embora tenha tido um número absoluto de morte maior (168), proporcionalmente a cidade tem um índice menor (26,6).

O drama da comerciante Jussara Costa Batista, de 37 anos, moradora da Vila Estrela, na zona Sul de Belo Horizonte, é um exemplo de dor entre os milhares de casos no país. O irmão dela, Éder Batista Leite dos Santos, de 16 anos, foi assassinado com um tiro no peito numa disputa entre gangues. Ele voltava de um show de pagode com outro irmão e a cunhada, quando foi baleado e morreu na hora.

 
   
 

Tristeza
  
“Perdi a conta de tanto sofrimento. A morte do meu irmão deixou um buraco dentro do meu peito”, resume Jussara. Ela lembra que, dois anos antes, sua mãe, de 44 anos, havia morrido de infarto durante um tiroteio. “Até hoje, é um crime sem resposta. A polícia nunca achou quem matou meu irmão. Eles estava na flor da idade, estudava, não tinha envolvido com nada errado. Seu sonho era se formar como advogado”, disse a comerciante.

Para o coordenador de pesquisa do Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública (Crisp), Felipe Zilli, o problema está relacionado com o fortalecimento da atuação de grupos armados ou gangues e a participação de jovens. “Esse, na minha opinião, é o principal problema a ser enfrentado para que exista uma redução efetiva dos homicídios”, afirma. (*) Com Michele Maia


Leia mais na edição digital
 

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por