Chamada de doença silenciosa, ou seja, de poucos sintomas, a hipertensão arterial é mais relacionada a adultos, principalmente aos idosos. Mas, o avanço entre crianças e adolescentes – de até 18 anos – preocupa os médicos.

Os especialistas estimam que 10% das pessoas nessa faixa etária tenham pressão alta no país. Em Minas, a proporção é a mesma: um hipertenso a cada dez crianças e adolescentes, segundo o nefrologista pediátrico Sérgio Veloso Brant Pinheiro.

Só até os 14 anos, seriam 430 mil portadores da doença, no Estado. Professor do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da UFMG, Pinheiro afirma que a estimativa é baseada em estudos norte-americanos.

Segundo ele, faltam investimentos em pesquisas semelhantes no Brasil. “O que temos são análises independentes. A hipertensão no público pediátrico se tornou um problema de saúde pública”, ressalta o nefrologista, que trabalha na ala de pediatria do Hospital das Clínicas.


Subnotificação

Caracterizada pelo aumento da pressão sanguínea, que pode provocar derrame cerebral, problemas cardíacos, renais e neurológicos, a hipertensão é considerada uma doença assintomática. Por isso, Pinheiro diz que é grande o risco de subnotificação.

Além disso, a aferição da pressão arterial em crianças, sobretudo as menores, requer equipamento específico, de acordo com o tamanho do braço do paciente. “O aparelho é o mesmo, mas há vários tipos de manguitos (parte colocada no braço da pessoa). É comum faltar esse equipamento nos consultórios”, diz.

Nos adultos, a doença é relacionada ao sedentarismo e à má alimentação, rica em gordura e sal (causas primárias). Com os menores de 18 anos, além dos hábitos de vida não saudáveis, há as causas secundárias. “São as más-formações do coração, rins e sistema nervoso central, doenças endócrinas e tumores”, destaca Pinheiro.

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