A polícia de Belo Horizonte recebe, por dia, pelo menos dois pedidos de socorro de idosos agredidos, ameaçados de morte, abandonados ou que tiveram os cartões bancários tomados por parentes. A maioria dos crimes aconteceu na casa das vítimas, segundo a delegacia especializada no atendimento a pessoas com mais de 60 anos, na capital.

O número de ocorrências pode ser bem maior, alertam o Conselho Estadual do Idoso e o Ministério Público. Denúncias feitas nas delegacias da região onde as vítimas moram não fazem parte da estatística porque ainda não foram contabilizadas pela Polícia Civil.

Subnotificação

Há, também, casos que sequer chegaram ao conhecimento das autoridades, pois não houve queixa formal.

De janeiro a agosto deste ano, a Delegacia de Proteção ao Idoso, no Barro Preto (região central), recebeu 488 denúncias de idosos que tiveram diretos violados. As agressões físicas geraram 114 inquéritos e as ameaças, 103.

“Pelo menos 90% dos casos de violência ocorrem dentro de casa e são praticados por parentes. Muitas vezes, a violência não é denunciada porque o idoso é ameaçado”, diz o delegado Geraldo Toledo Neto.

Além disso, vários aposentados seriam forçados pela família a entregar o cartão do banco e a senha para que os salários sejam sacados pelos parentes. “Quando se recusam, são agredidos, ameaçados ou abandonados”, afirma o policial.

Cinco vezes

Romper o silêncio quando o agressor está dentro de casa é difícil. A costureira Terezinha da Costa, de 78 anos, foi agredida cinco vezes pelo filho de criação, de 55. Somente na última quinta-feira (5), porém, ela registrou ocorrência contra o alfaiate.

“Ele bebe muito e sempre que volta para casa me bate. Das outras vezes, não o denunciei porque pensei que pudesse ajudá-lo a sair dessa, mas hoje (quinta-feira, 4) foi muito grave”, disse.

A idosa foi ferida com golpes de martelo na perna direita e precisou passar por uma avaliação médica e realizar exames antes de prestar queixa na delegacia.

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