Dono de carvoaria é denunciado por trabalho escravo no Norte de Minas

Hoje em Dia
08/05/2013 às 15:29.
Atualizado em 21/11/2021 às 03:30

  Um empresário paulista foi denunciado por aliciar trabalhadores de municípios do Norte de Minas para trabalharem no corte de madeira e produção de carvão, em condições análogas à escravidão, na Fazenda Retiro, situada em Pintópolis, na mesma região do estado. Além dele, outros dois empregados também foram denunciados pelo Ministério Público Federal (MPF).   Conforme a denúncia, um dos empregados teria aliciado trabalhadores nos municípios de Lontra, São João da Ponte, São Francisco e Patis com a promessa de pagamento de diárias, com valores variáveis, boas condições de moradia e alimentação gratuita.    Diante da promessa, as vítimas entregaram seus documentos pessoais ao empregado que os transportou até a fazenda, tudo a mando do patrão. Porém, chegado ao local, os trabalhadores se depararam com situação completamente diversa da que tinha sido oferecida. Conforme o MPF, não havia nenhum colchão ou cobertor nos alojamentos. Também não havia água potável, nem instalações sanitárias, e os quartos não possuíam portas.    Além disso, os trabalhadores eram obrigados a utilizar o “mato” para fazer suas necessidades fisiológicas e a banharem-se com baldes e copos, em locais abertos, sem qualquer tipo de privacidade. Durante a inspeção, algumas das vítimas chegaram a dizer que deixavam de tomar banho, em razão da temperatura da água e da falta de privacidade.   Ainda conforme a denúncia do MPF, as jornadas de trabalho iam de segunda a segunda, sem nenhum dia de descanso. Os trabalhadores também não eram remunerados em dobro pelas horas trabalhadas no domingo e os intervalos para repouso e refeição eram inferiores a uma hora.   Para manter a ordem nos alojamentos e evitar a fuga das vítimas, um dos empregados acusados de envolvimento dno aliciamento dos trabalhadores, andava armado pela fazenda. Os equipamentos utilizados para o trabalho tinham de ser adquiridos pelos próprios trabalhadores e suas dívidas eram anotadas em cadernetas para serem descontadas no pagamento.   Os três denunciados podem pegar até 11 anos de prisão pelos crimes de redução à condição análoga à escravidão e aliciamento de trabalhadores. Segundo o MPF, cada um dos acusados, cuja identidade não foi revelada, deve responder pelo menos 16 vezes por cada delito, já que este foi o número de vítimas encontradas pelos auditores do órgão durante a inspeção.  

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