(Editoria de Arte)
Fortes e repetidas cólicas ou diarreias frequentes causam desconforto a pelo menos 25 milhões de brasileiros com mais de 16 anos, revela uma pesquisa do Instituto Datafolha. A maior parte dos afetados associa os sintomas a viroses ou “vermes”. Mas, por trás da dor de barriga, podem estar enfermidades sérias, como o câncer, ou uma Doença Inflamatória Intestinal (DII).
O levantamento mostra que, por considerarem o quadro sintomático leve, mais de 60% dos entrevistados se automedicam. Conforme o Datafolha, 38% buscam tratamento caseiro e outros 25% tomam remédios sem prescrição médica, atitudes que podem mascarar problemas mais graves.
“Em quadros de DIIs de leve a moderada intensidade, nos quais os sintomas não são exuberantes, a automedicação pode trazer uma melhora discreta, fazendo com que o indivíduo postergue a visita ao serviço médico”, destaca o gastroenterologista Flavio Steinwurz, secretário-geral da Organização Pan-americana de Crohn e Colite (Pancco).
O atraso no diagnóstico pode, por sua vez, determinar uma piora no quadro de uma doença crônica e dificultar o tratamento, além de propiciar o aparecimento de complicações.
“Cerca de 90% dos pacientes relatam diagnóstico tardio, isto é, demoram de cinco a oito anos para receberem um diagnóstico preciso”, coloca Jesus Yamamoto Furusho, presidente da Pancco.
Incidência
A associação entre dor de barriga e diarreia persistentes ao câncer foi feita por 6% dos entrevistados. Já a Doença de Chron e a Retocolite Ulcerativa foram mencionadas por apenas 3% das pessoas.
Ambas fazem parte do grupo de doenças inflamatórias intestinais e acometem adolescentes e adultos, homens e mulheres, indistintamente. Estão relacionadas à inflamação do sistema digestivo, em especial do intestino.
Esses males são típicos de centros desenvolvidos e mais comum nos Estados Unidos e na Europa. No entanto, na última década, em relação aos dez anos anteriores, as DIIs cresceram de três a quatro vezes na América Latina.
“As causas exatas ainda não são totalmente conhecidas, mas sabe-se que quanto mais desenvolvida a região, maior é a prevalência das DIIs”, observa Steinwurz.
Ajuda
O desconhecimento sobre esse tipo de doença é mais frequente, conforme o Datafolha, entre os mais velhos, com nível fundamental de escolaridade e pertencentes às classes D e E.
Além de não saber o que são as enfermidades, os entrevistados desconhecem o especialista que deve ser procurado. Procurariam um clínico geral 54% das pessoas, 25% visitariam qualquer médico que o pronto-socorro indicasse e somente 10% mencionaram o gastroenterologista como opção certa para buscar ajuda.