Dupla é flagrada dentro de cela na Nelson Hungria orientando comparsas em rapto de jovem

Malú Damázio
12/08/2019 às 20:27.
Atualizado em 05/09/2021 às 19:58
 (Malú Damázio)

(Malú Damázio)

Nem mesmo a detenção em uma penitenciária de segurança máxima impediu que dois homens, presos há mais de 13 anos, articulassem pelo menos dois sequestros em Minas. Conforme a polícia, a dupla se valia de um celular para contactar comparsas para levar as vítimas para cativeiros.

O último crime – contra um jovem, de 21 anos, em Bom Despacho, na região Central – foi descoberto na quinta-feira passada quando os suspeitos, de 32 e 35, seriam transportados da Nelson Hungria, em Contagem, na Grande BH, para prestar depoimento na capital justamente sobre o rapto de uma criança em junho, em Florestal, também na região Central.

Ao serem abordados na cela, destruíram os telefones. Os homens davam instruções para que outros bandidos levassem o rapaz em Bom Despacho. A vítima foi escondida em um imóvel em Belo Horizonte.

Histórico

Os comparsas chegaram à residência do jovem por volta de 8h. Ele foi surpreendido por dois homens e uma mulher, armados. O trio perguntou à tia dele onde estava o cofre da família. Como não obtiveram resposta, os criminosos levaram o sobrinho para um carro e afirmaram que ligariam para pedir o resgate. A quantia exigida não foi divulgada.

Ao todo, o rapaz ficou 36 horas em cárcere e só foi libertado durante ação policial, às 21h do dia seguinte. Duas mulheres, de 29 e 37 anos, foram detidas. 

Segundo o delegado da unidade especializada antissequestro, Ramon Sandoli, o resgate não foi pago. As investigações continuam. “A vítima foi mantida em uma casa habitada. A intenção é entendermos quem vive lá, qual a participação dos outros dois homens que foram até a casa do rapaz para pegá-lo”, disse.

Violência psicológica

As horas nas mãos dos bandidos foram de muita ameaça, contou o jovem. “Depois de perderem contato com os mandantes, falaram que iam continuar por eles mesmos, já que já tinham feito tudo até aquele momento. Todo o tempo falavam que se eu ficasse quietinho não ia acontecer nada, mas, se tentasse fugir, iam picar meu corpo e mandar entregar para minha tia”, contou a vítima.

A mulher chegou a receber uma série de vídeos do sobrinho no cárcere. Os criminosos usavam o recurso para chantageá-la e fazer com que depositasse o resgate. Editoria de Arte

Florestal

O sequestro em Florestal também terminou sem o pagamento do resgate. Conforme a polícia, a criança foi libertada menos de 24 horas depois de ser levada. O cativeiro era em Pequi, a 40 quilômetros da casa dos pais.

“Inicialmente, o grupo exigiu a quantia de R$ 300 mil da família, mas depois que entramos no caso e já havíamos identificado parte dos envolvidos, acredito que eles tenham percebido nossa movimentação próximo ao cativeiro e acabaram libertando o menor”, diz o subinspetor Éber Alexandre de Oliveira, da Delegacia Especializada Antissequestro.

Em nota, a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) informou investigar como os celulares foram adquiridos pelos detentos. A pasta disse que faz vistorias rotineiras nas 197 unidades prisionais para retirar objetos não permitidos. 

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