Educação ambiental é realidade no cotidiano de escolas públicas e privadas de Minas

Malú Damázio
mdamazio@hojeemdia.com.br
21/10/2016 às 20:10.
Atualizado em 15/11/2021 às 21:20
 (Flávio Tavares)

(Flávio Tavares)

Na mata do Jambreiro, em Nova Lima, na Grande BH, estudantes aprendem inglês por meio de cantigas recitadas em meio à floresta que os cerca. No Vale do Jequitinhonha, alunos plantam árvores à beira do córrego que abastece a cidade de Ponto dos Volantes. E na Zona da Mata, alface, couve, repolho e a abóbora da merenda de uma escola estadual são cultivados e colhidos pelos próprios estudantes.

A educação ambiental está presente no cotidiano de instituições públicas e privadas de Minas. Integrar alunos, professores e funcionários para pensar a questão ecológica de modo crítico é, na visão da professora Maria Luiza Grossi, do departamento de Geografia da UFMG,  o principal papel do ensino de práticas ambientais. “As atividades permitem uma aproximação mais amorosa, generosa e crítica do que a natureza significa para nós, seres humanos”, diz.

No Instituto Educacional Ouro Verde, em Nova Lima, a natureza serve como espaço para a sala de aula. Todos os estudantes aprendem jardinagem na grade curricular, e até as disciplinas regulares, como matemática e inglês, são ministradas com frequência na mata do Jambreiro, que circunda a unidade. Matheus Castagno, do 7° ano, diz que o contato constante com a natureza é o que o deixa mais empolgado na hora de estudar. “Temos o costume de fazer experimentos de física e química nas áreas verdes, ao ar livre. Podemos ver os conteúdos na prática, não só nos livros didáticos”. 

Em algumas instituições, tudo na horta é feito pelos estudantes: desde a criação dos canteiros à colheita dos legumes e vegetais

A professora Maria Tereza Cayô de Azevedo lembra que o ambiente voltado para a natureza amplia as possibilidades de aprendizado. “Fazemos uma atividade de plantio de girassol. Nela, verificamos como a terra tem que ser preparada, quais são as propriedades do solo, de quais nutrientes a planta precisa para crescer. Estudamos ciência a partir do jardim e, na sala de aula, vemos qual a importância das plantas para a sobrevivência dos seres vivos”, conta.

Em regiões urbanizadas, como a que se localiza a Escola Municipal Tancredo Phideas Guimarães, na capital mineira, o ensino de educação ambiental ganha novos contornos. Na instituição, os 200 alunos do projeto Escola Integrada, que envolve todo o ensino fundamental, montaram uma horta comunitária. 

Tudo é feito pelos estudantes: desde a criação dos canteiros, a limpeza do espaço, o preparo da terra, o plantio dos alimentos, a adubação e a colheita dos legumes e vegetais.Lucas PratesNA TANCREDO PHIDEAS – Aluna Emanuelle Correa aprova a iniciativa

Até os 10 anos, Emanuelle Correa só havia cultivado alimentos uma vez: quando criança, plantou sementes de feijão em um potinho com algodão umedecido para uma atividade da escola. Agora, aos 12, o prato de almoço da aluna do 7° ano do colégio de Venda Nova tem alface e beterraba que ela mesma produziu na horta escolar. 

“Como sempre morei em prédio, não dava para plantar nada”, conta. Desde 2014, porém, as oficinas de horta fazem parte do dia a dia da estudante.

Emanuelle destaca que as atividades e as orientações dadas pela monitora a incentivaram a ter uma alimentação mais saudável. “Desde que começamos o trabalho de horta,  comemos mais verduras. Outra coisa é que antes, aqui na escola, ninguém tinha consciência de produzir menos lixo, jogávamos um monte de comida fora, e isso foi reduzindo bastante com o tempo”, diz.Fabilane Pereira Fagundes Oliveira/DIVULGAÇÃO

PARA 2017 – Meta dos alunos da escola Alonzo Barbuda é plantar 5 mil mudas e catalogar as nascentes da região

Atividades ganham destaque nas áreas rurais do Estado

No interior de Mins, ações de educação ambiental também estão espalhadas pelas escolas do campo. Atividades como o plantio de mudas de espécies nativas da região e a produção de alimentos típicos em hortas comunitárias têm função de valorizar o espaço rural e a história dos estudantes desses locais. 

Em Providência, distrito de Leopoldina, só é possível chegar à Escola Estadual Marco Aurélio Monteiro de Barros por estrada de terra. Além de cultivar legumes e vegetais, os 50 alunos da educação integral também construíram um minhocário para produzir húmus para adubar a terra e uma composteira, que utiliza a casca dos alimentos da própria merenda. 

O que Kaike Souza Silva, de 11 anos, mais gosta na oficina é capinar a terra, assim como faz com o pai dele, que é agricultor, em casa. A diretora Sueli Cunha dos Santos Muniz explica que as atividades ligadas ao contexto social dos alunos promovem a autoestima. “Eles veem importância do trabalho da  família”.

Neste ano, os alunos da Escola Estadual Alonzo Barbuda plantaram cerca de 500 mudas para reduzir o assoreamento do córrego São João, em Ponto dos Rolantes, no Vale do Jequitinhonha. Débora Silva Campos, do 3º ano, plantou um pé de Tamarindo no terreno da avó dela. “Até 2015, a gente estudava sobre o ambiente, via como evitar desmatamento, mas nunca tinha colocado na prática”.

O projeto, que envolveu a criação de um viveiro na própria escola, foi idealizado pelo professor de química Edgar Botelho de Faria. “Melhoramos o ambiente escolar, os alunos ficaram mais envolvidos com a escola e agora queremos recuperar o córrego assoreado, porque no Vale do Jequitinhonha a água é um recurso muito escasso”. 

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