'Ela não dorme mais sozinha', diz mãe de criança que teria sido abusada por motorista de van

Cristina Barroca - Hoje em Dia
28/01/2016 às 14:41.
Atualizado em 16/11/2021 às 01:12
 (Cristina Barroca)

(Cristina Barroca)

Aos 4 anos, a pequena Clara* foi diagnosticada com o vírus HPV. A informação de que se tratava de uma doença sexualmente transmissível levou os pais da menina a procurarem a polícia. A criança precisou passar por um processo cirúrgico como parte do tratamento da doença. O que Clara ainda não conseguiu curar foi o trauma de um abuso sexual sofrido. "Ela não dorme sozinha, não vai sozinha ao banheiro e não deixa que ninguém toque nas partes íntimas dela, nem mesmo para ajudá-la", conta a mãe.

Um homem de 53 anos era o motorista da van contratada pelos pais de Clara para levar a menina à escola. Ele é o principal suspeito do abuso, segundo a Polícia Civil. O motorista foi preso nesta quarta-feira (27) e é suspeito em outros três inquéritos da mesma natureza. Além disso, também foi réu de um quarto caso, arquivado em 2009 pelo Ministério Público Estadual, que deve ser reaberto. Se condenado, poderá pegar de 8 a 15 anos de prisão.

Maria*, de 2 anos, ao ver o pai sair do banho sem roupa, apontou para o órgão genital dele dizendo que era igual ao do suspeito. Em conversa com a menina, ela contou que ele pedia para que ela o tocasse e fazia cócegas nela com o órgão. Assim também foi relatado o abuso contra uma outra vítima, de apenas 8 anos.

Veja o momento em que os dois suspeitos deixam a delegacia sob protesto de parentes das vítimas

 

O motorista é casado e tem um filho de 12 anos. Ele costumava atender crianças dos bairros Castelo e Caiçara, onde trabalha há pelo menos 15 anos como motorista de transporte escolar. Segundo relatos, ele tem boa reputação. De acordo com a delegada Thaís Degane, em nenhum dos três casos houve penetração. O que, segundo ela, não diminui a gravidade do crime de estupro de vulnerável. "Não estou preocupado com nada", afirmou o suspeito.

Mais uma vítima

Desde julho do ano passado, aos 7 anos, Carolina* começou a apresentar comportamentos completamente díspares do normal. Ela comia muito, se queixava de fortes dores na cabeça e criou o hábito de morder as coisas. "Algo compulsivo", como foi descrito pelo pai. Preocupados, eles levaram a criança a vários médicos, mas não receberam qualquer diagnóstico.

Os atrasos da filha ao voltar do colégio reforçaram algumas suspeitas, até que a criança contou que estava sendo cobrada de uma dívida referente ao transporte escolar. A cobrança vinha vinha em forma de atos libidinosos. "Ela contou com sentimento de culpa", relatou o pai da menina. Dado início ao tratamento psicológico da criança, ela chegou a desenhar todo tipo de abuso que sofria.

Segundo a Polícia Civil, principal suspeito, neste caso,  era um homem de 45 anos, também motorista da van escolar. Segundo a investigação, ele mudou o trajeto que fazia, passou a deixar em casa, primeiro os sobrinhos e, por último, Carolina.

O homem atravessava três bairros após desembarcar os últimos passageiros antes da menina, só para a vítima ser a última a ser entregue. Ainda segundo investigação da Polícia Civil, o suspeito colocava a criança no banco da frente e andava com ela por locais desertos, obrigando que ela o tocasse.

O motorista é casado e tem referência pelo serviço que presta à empresa, que tem 40 anos de existência. Ele costuma atender bairros da região Oeste, como Prado, Calafate, Jardim América e Betânia. É bem relacionado com pais e escolas que ele costuma atender. Não havia antecedentes contra ele.

De acordo com a delegada Iara França, uma nova suspeita de uma família que reside hoje em São Paulo surgiu contra o mesmo homem, mas o caso ainda precisa ser investigado.

As delegadas responsáveis pelos dois casos fizeram um apelo para que os pais conversem com seus filhos, principalmente se eles, em algum momento, foram transportados pelos motoristas. Elas acreditam que novos casos podem aparecer.

A Polícia Civil descartou vínculo ente os dois presos e informou que foi uma coincidência que as prisões temporárias dos suspeitos tenham sido decretadas no mesmo dia. Os dois detidos foram apresentados na manhã desta quinta-feira (28), na Delegacia Especializada de Proteção a Criança e ao Adolescente (Depca) e, posteriormente, conduzidos para o presídio Inspetor José Martinho Drumond, em Ribeirão das Neves.

* Nomes fictícios

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