Em meio à falta de informação, familiares têm esperança de boas notícias após tragédia de Brumadinho

Rosiane Cunha
25/01/2019 às 20:58.
Atualizado em 05/09/2021 às 16:14
 (Lucas Prates/Hoje em Dia)

(Lucas Prates/Hoje em Dia)

“A empresa não se posicionou e eu fiquei sabendo que há muitas pessoas ilhadas. Minha esperança é que ele esteja entre essas pessoas”. O desabafo é da assistente social Débora Queiróz, que desde o final da manhã não tem notícias do marido.

Ele trabalha no setor de planejamento da Vale e ás 11h35 mandou uma mensagem para a mulher dizendo que estava com fome e ia almoçar. "Depois disso, fiquei sabendo do acidente, tentei ligar e não consegui falar mais com ele”. 

Renato Rodrigues da Silva tem 32 anos e é funcionário da Vale há 7. 

  

Marina Yona também se queixa da falta de informação. O companheiro dela, Hernane Morais Elias, de 31 anos, é mecânico da Vale e estava trabalhando na área atingida pelo rompimento da barragem. “Nós já mobilizamos amigos, mas ninguém da empresa ligou para mim ou para a mãe dele”.

Marina passou a tarde ligando para os hospitais de Sarzedo, Ibirité e João XXIII. "Ele não está em nenhum deles. Agora eu estou indo para o Mater Dei porque fiquei sabendo que eles estão recebendo feridos”.

Ainda segundo Marina, o último contato que fez com Hernane foi por voltas das 12h05. “Ele estava no horário do almoço, depois disso o telefone ficou desligado”. 

 A engenheira Eliane de Oliveira Melo, de 39 anos, trabalha desde setembro do ano passado como projetista de uma empresa terceirizada da Vale e está entre os desaparecidos. A irmã contou que ela está grávida de cinco meses da primeira filha.

“A única notícia que temos é que ela foi vista numa caminhonete da empresa indo para o refeitório. Minha mãe e eu já procuramos em vários hospitais”, disse Joana D´Arc Oliveira Melo Lemos. 

Joana disse que outra irmã dela, que também trabalha na Vale, mas estava de férias, está em Brumadinho para tentar alguma notícia. “Ela conhece muitas pessoas na cidade e na Vale e nossa esperança é receber alguma notícia”.

E foi justamente atrás de notícias que a dona de casa Maria da Glória, de 55 anos, chegou na tarde desta sexta-feira (25), ao Hospital de Pronto-Socorro João XXIII. Como não conseguiu chegar ao local da tragédia, ela foi em busca de alguma informação sobre o filho Hebert Vilhena Santos, de 32 anos.

“Uma pessoa do escritório da Vale de São Paulo nos ligou, falou que ele estava no local na hora do acidente e que estava na lista de desaparecidos”, conta. 

Casado e pai de um menino de 10 anos, o filho dela é técnico de informática da empresa há cerca de 8 anos.

A Vale informou que o rompimento ocorreu por volta das 13h20, na Mina Córrego do Feijão e que uma barragem rompeu e fez outra transbordar a lama que destruiu casas da região. Rejeitos também atingiram a área administrativa da companhia e parte da comunidade da Vila Ferteco.

Segundo o Corpo de Bombeiros já foram localizados sete corpos de vítimas ainda não identificadas. Foram retiradas nove pessoas com vida da lama e cerca de 100 pessoas ilhadas foram resgatadas. Na hora do acidente havia 427 pessoas e  ainda há cerca de 150 desaparecidas.

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