Redes sociais bombardeadas por discursos tomados de ódio, manifestações democráticas nas ruas que, não raro, terminam em baderna, patrimônio público depredado por vândalos e até atentados capazes de deixar um rastro de sangue e destruição.

Em meio a tanta intolerância e ataques de raiva em Belo Horizonte e mundo afora, acolhimento e solidariedade estão à flor da pele hoje (25), Sexta-feira da Paixão, e nos demais dias das celebrações da Semana Santa.

A rua Paquequer, no bairro Lagoinha, região Noroeste da capital, deve amanhecer abarrotada de famílias carentes à espera da tradicional distribuição de peixes. O ato, organizado pelo comerciante Afonso Teixeira, é feito religiosamente há exatos 25 anos.

Toneladas de sardinha são doadas. Mas, em 2016, quem enfrentar a longa fila contará com uma novidade em comemoração às bodas de prata.

“Neste ano, pela primeira vez, o peixe será o palombeta, que é muito mais saboroso”, antecipa Afonso. O comerciante, no entanto, evita informar o número de beneficiados e a quantidade de alimentos distribuídos. “É caridade. É uma forma de agradecer e beneficiar aqueles que mais precisam”, diz.

Chocolate

E já que o próximo domingo é de Páscoa, o chocolate também ganha a mesa. Formado por cerca de cem voluntários, o grupo Força do Bem ampara crianças, idosos e pessoas hospitalizadas.

Até sábado, eles arrecadarão ovos de chocolate para distribuir em cidades da Grande BH. Interessados em ajudar podem fazer doações nas unidades dos supermercados Verdemar (Sion, Buritis, Jardim Canadá e Raja Gabaglia). 

Quatro mil ovos foram arrecadados até o momento. Cerca de 1.500 já foram distribuídos a uma creche de Sabará, um abrigo de Esmeraldas e uma comunidade de Belo Horizonte. Outras 15 instituições serão visitadas pelo grupo nos próximos dias.

“Nosso objetivo não é apenas levar um artigo material, mas suprir a falta de carinho, amor e lazer dessas crianças”, afirma a coordenadora de comunicação da Força do Bem, Isabella Novais. 

Quem recebe o ato de solidariedade agradece, e muito. A Casa Lucas, no bairro Dona Clara, na Pampulha, tem ações do tipo agendadas para amanhã e domingo. Voluntários vão visitar o espaço e levar alegria aos meninos e meninas atendidos – todos com medidas protetivas após terem os direitos violados. 

A coordenadora do abrigo, Flávia Letícia da Silva Figueiredo, conta que as iniciativas vão além da simples doação. “Para as crianças, essa é uma possibilidade de ter contato com a comunidade”.

O gesto também ajuda na formação dos jovens. “Quando a criança não quer um brinquedo ou o chocolate, ela doa para outro colega. Ou seja, multiplica a solidariedade”.

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