Em seis anos, fluxo de veículos cresceu 50% no Anel Rodoviário

Patrícia Santos Dumont e Raquel Ramos - Hoje em Dia
28/01/2016 às 06:41.
Atualizado em 16/11/2021 às 01:12
 (Editoria de Arte)

(Editoria de Arte)

O fluxo médio de veículos cresceu 50 % no Anel Rodoviário de Belo Horizonte nos últimos seis anos, passando de 100 mil ao dia para 150 mil. Intervalo que separa, também, o primeiro acidente grave envolvendo caminhão no declive do Betânia (em setembro de 2009) do ocorrido nessa quarta (27), no mesmo local, com duas mortes. Desde então, apesar de mais potenciais vítimas circularem pela via e de inúmeras soluções apontadas, nenhuma que resolvesse o problema em definitivo saiu do papel.

Especialistas apontam uma discrepância entre promessas e a realidade de uma via que perdeu as características rodoviárias e assumiu o papel de mais movimentada avenida da capital. O estudo de revitalização se arrasta e passou por sucessivos adiamentos. O primeiro prazo de entrega do projeto para fins de licitação foi outubro de 2013. Depois, prorrogado para 2014 e, agora, para o segundo semestre deste ano, segundo o Departamento de Estradas de Rodagem (DER-MG). O custo do empreendimento é de R$ 1,4 bilhão.

PALIATIVO

Mesmo com o Anel Rodoviário revitalizado, o problema persistiria. Para o professor de Engenharia de Transporte e Trânsito da Universidade Fumec, Márcio Aguiar, melhoria nas marginais, revitalização das intercessões e fim dos gargalos serviriam apenas para “enxugar gelo”. “Diante do nosso histórico, duvido que alguma obra saia do papel”, afirma.

A solução definitiva depende da construção do Rodoanel, um contorno viário mais afastado de Belo Horizonte, capaz de absorver o fluxo de veículos pesados que passam pela via por falta de alternativas.

Os estudos sobre o empreendimento começaram na década de 80, mas não há perspectiva de quando as obras começarão. De acordo com a Secretaria de Estado de Obras Públicas (Setop), a proposta resultou em processo licitatório em 2014, mas permanece em análise. “O alto custo, R$ 7,1 bilhões, é incompatível com a realidade financeira do Estado, e, por isso mesmo, requer reestudo”, informa o órgão.

“O Rodoanel é a única forma de reduzir a ocorrência de acidentes com carretas”, reforça o consultor em trânsito e transporte, Silvestre de Andrade Filho.


DESTROÇOS – Caminhão desgovernado estava carregado de cal; motorista alegou que passava pelo local pela primeira vez (Foto: Ricardo Bastos/Hoje em Dia)

Van foi lançada a 300 metros e só parou em mureta

Na manhã dessa quarta (27), o motorista de um caminhão, que seguia no sentido Vitória do Anel Rodoviário, bateu em dois carros de passeio e arrastou uma van. Os dois ocupantes do veículo esmagado, Alexssandro Evangelista Pinto, de 39 anos, e Fabiano Melo da Luz, de 29, ficaram presos às ferragens e morreram na hora. A van foi lançada a 300 metros do veículo de carga e só parou após atingir uma mureta.

À polícia, o motorista do caminhão, Manoel Elson Santana, de 32 anos, relatou ter perdido o freio do veículo, que transportava cal de Ouro Preto, na região Central, para São Paulo.

“O que temos são informações preliminares, nada confirmado ainda, pois só a perícia dirá o que aconteceu. Nesse caso, especificamente, a questão teria sido um problema mecânico que, mesmo com a equipe policial no local, iria acontecer”, detalhou o subcomandante do Batalhão de Polícia Militar Rodoviária (PMRv), Major Carlos Eduardo Ferreira, justificando que o policiamento no naquele ponto é ostensivo.

Segundo ele, o número de acidentes na via caiu no último ano. O militar não informou, no entanto, os dados estatísticos. “O policiamento é feito em viaturas e motos posicionadas de forma a tentar inibir que as pessoas desçam em alta velocidade. Só saem quando precisam atender a alguma ocorrência”, detalha Ferreira.

CINCO ANOS

Desde 2009, pelo menos 15 pessoas morreram em circunstâncias semelhantes às do acidente dessa quarta (27). No mais grave deles, que completa nesta quinta (28) cinco anos, uma carreta arrastou um caminhão e outros 14 veículos, matando cinco pessoas, dentre elas uma criança de 2 anos. A ocorrência foi no mesmo trecho, onde há afunilamento da pista logo após uma descida.

Nessa quarta (27), Petrarka Gibosky, mãe da criança, Ana Flávia, relembrou a tragédia em uma publicação no Facebook. “A rodovia, federal, não dá a nós, usuários, o mínimo de segurança. Um motorista em alta velocidade na rodovia federal, sem sinalização adequada, atropela famílias inteiras, mata vidas, sonhos, alegrias... Eu estou presa nas lembranças da minha filha, que teve a vida interrompida aos 2 anos”.

Concessionária responsável pelo trecho do Anel Rodoviário, a Via 040 informou que a ela cabe a gestão do sistema viário, incluindo apenas obras de recuperação, manutenção e conservação do pavimento, da sinalização, da faixa de domínio e de dispositivos como passarelas.

A PMRv informou que vai retomar as discussões sobre a construção de uma área de escape, que poderia ser utilizada em situações como a dessa quarta (27), em que o motorista perde o controle do veículo ou não consegue frear.

Presidente do Sindicato dos Caminhoneiros destaca pergios no Anel Rodoviário.

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