Empresário incrimina Norberto Mânica como mandante da "Chacina de Unaí"

Thaís Mota e Amanda Paixão* - Hoje em Dia
28/08/2013 às 15:26.
Atualizado em 20/11/2021 às 21:25

Em depoimento à Justiça Federal, o empresário Hugo Alves Pimenta afirmou na tarde desta quarta-feira (28) que o fazendeiro Norberto Mânica, conhecido como o “Rei do Feijão”, foi o mandante do assassinato de quatro servidores do Ministério do Trabalho – três fiscais e um motorista – no Noroeste de Minas, no crime conhecido como "Chacina de Unaí".   O depoimento de Pimenta já era esperado como uma estratégia da defesa para que o empresário, que também responde pela execução dos auditores fiscais, seja beneficiado com o recurso de delação premiada e tenha sua pena reduzida, em caso de condenação. O réu é acusado de ser um dos intermediários para que os fiscais fossem assassinados durante uma fiscalização de rotina nas fazendas de Unaí.    Nesta sessão do tribunal do júri, estão sendo julgados Rogério Alan Rocha Rios, William Gomes de Miranda e Erinaldo de Vasconcelos Silva (vulgo Júnior). Eles respondem pelos crimes de homicídio qualificado e formação de quadrilha, sendo que Erinaldo responde ainda por receptação. Já os demais acusados de participação no crime devem ser julgados no dia 17 de setembro. Apenas o fazendeiro e ex-prefeito, Antério Mânica, irmão de Norberto Mânica, ainda não teve o julgamento marcado.   Pela manhã foram ouvidos o chefe da Divisão de Homicídios de Belo Horizonte, Wagner Pinto, e o investigador que trabalhou durante o processo em Unaí, João Alves de Miranda. Segundo os depoentes, todas as provas colhidas durante o inquérito indicam que os assassinos tinham a intenção de matar quando chegaram ao local do crime, e não de roubar, como foi argumentado pela defesa.    Entenda o caso   Em 28 de janeiro de 2004, os três fiscais do Trabalho Eratóstenes de Almeida Gonçalves, João Batista Soares e Nelson José da Silva e o motorista Aílton Pereira de Oliveira foram emboscados em uma estrada de terra, próxima de Unaí, enquanto faziam visitas de rotina a propriedades rurais. O carro do Ministério do Trabalho foi abordado por homens armados que mataram os fiscais à queima-roupa, atados aos cintos de segurança. A fiscalização visitava a região por conta de denúncias sobre trabalho escravo.   Apenas nove anos depois, o caso está pelo Tribunal do Júri, em razão, principalmente, dos recursos interpostos por alguns dos acusados. Em fevereiro de 2012, o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou a remessa imediata dos autos à Seção Judiciária de Minas Gerais para julgamento dos réus presos. O processo chegou à 9ª Vara Federal de Belo Horizonte no mês de maio. No entanto, em janeiro deste ano, a juíza declarou-se incompetente para a condução do processo.     *Com informações de Carlos Calaes

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