Enchente: todo cuidado é pouco com a água contaminada

Raquel Ramos - Do Hoje em Dia
17/12/2012 às 10:15.
Atualizado em 21/11/2021 às 19:40
 (Carlos Magno de Souza/Arquivo HD)

(Carlos Magno de Souza/Arquivo HD)

Os transtornos provocados por uma enchente vão muito além dos rastros de destruição e perda de bens materiais. No contato com a água e a lama, as pessoas podem se contaminar com bactérias e vírus que trazem problemas à saúde. Para evitar doenças, especialistas ensinam cuidados simples que devem ser seguidos por quem teve a casa inundada.

A leptospirose é uma das principais ameaças do período chuvoso, segundo Mariana Gontijo, especialista da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG). “Ratazanas são as principais responsáveis pela infecção humana. A bactéria fica hospedada no roedor e é eliminada pela urina”, explica.

Na Pele

Misturada à água da chuva ou à lama, o micro-organismo penetra na pele por meio de um machucado. Mesmo sem ferida exposta, porém, pode haver contaminação. “Se a pessoa passa muito tempo na água, há dilatação dos poros, facilitando a entrada da bactéria”. Somente após 15 a 30 dias em contato com a bactéria que os primeiros sintomas – como febre súbita, dor nos músculos, náuseas e calafrios – vão surgir. Para evitar a doença, Mariana recomenda cuidados na hora da limpeza da casa, com utilização de luvas e botas ou sacos plásticos duplos cobrindo as mãos e os pés. “Sugiro que façam uma limpeza inicial com a água e depois com hipoclorito de sódio (água sanitária), que vai matar a bactéria”, ensina. Para um balde com 20 litros de água, deve-se utilizar 200 ml do produto.

Febre tifoide e hepatite A são outras patologias comuns após enchentes. Em ambos os casos, elas são transmitida por meio do consumo de água ou alimento contaminados.

“Na febre tifoide, o homem é o hospedeiro da bactéria. Quando ele defeca em um lugar inadequado, contamina o ambiente. Além disso, pode infectar um alimento que tocou. Por isso é muito importante cuidar da higienização, lavando as mãos regularmente, por exemplo”, alerta Marise Oliveira Fonseca, infectologista e professora da Faculdade de Medicina da UFMG. A doença provoca dores de cabeça, cansaço e vômito, sintomas semelhantes ao da hepatite A.

“Os riscos diminuem quando as pessoas jogam fora todos os alimentos que tiveram contato com a água, inclusive sacos de arroz ou feijão ainda fechados. Apenas os enlatados e engarrafados podem ser reutilizados, se bem lavados com água sanitária”, diz. A limpeza da caixa d’água também é indicada pela especialista.

Marise ressalta também que, mesmo que os sintomas sejam leves, a pessoa que teve contato com água de enchente procure ajuda médica para evitar complicações.
 

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