Enjoo além do normal na gravidez pode ser amenizado com remédio e tratamento psicológico

Malú Damázio
19/04/2019 às 13:57.
Atualizado em 05/09/2021 às 18:18
 (ARQUIVO PESSOAL)

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Enjoo e vômito, especialmente pela manhã, podem acometer as mulheres durante os primeiros meses da gravidez. Mas quando as náuseas são graves, frequentes em qualquer horário do dia e se estendem por muitas semanas, as gestantes podem ter um quadro chamado de hiperêmese gravídica, complicação que pode levar à desidratação intensa, desnutrição, perda de peso e alterações no metabolismo. A condição afetou famosas, como a humorista e atriz Tatá Werneck e Kate Middleton, duquesa de Cambridge e esposa do príncipe William, da Inglaterra.

Mesmo que muitas mães considerem o enjoo comum durante o período, ao primeiro sinal de vômito durante a gravidez é importante comunicar à equipe médica, como observa o professor de obstetrícia Antônio Carlos Vieira Cabral, da Faculdade de Medicina da UFMG. O relato é necessário para prevenir que a desidratação se intensifique, pois nos casos de hiperêmese pode ser preciso internar as pacientes durante o tratamento.

“A mulher deve alertar os médicos ainda nas formas iniciais dos vômitos. Algumas pessoas tendem minimizar os sintomas, acham que é normal, que não vão prejudicar a gestação, mas é um sinal de alerta”, diz Cabral.

Segundo a Federação das Associações Brasileiras de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), 85% das gestantes podem apresentar náuseas. Dessas, pouco mais de 1% evoluem para o estado grave.

Foi o que ocorreu com a vendedora Suelem Santos, de 28 anos, moradora de Uberlândia, no Triângulo Mineiro, que passou sete meses internada. Após cinco semanas de gravidez, ela começou a vomitar e descobriu a condição. “Não parava nada no meu estômago, nem água. Foi difícil porque mexeu muito com meu emocional. Fiquei abalada, emagreci 21 quilos e precisei de apoio profissional e da família”, conta.

o estado grave

Apoio psicológico

João Gabriel, filho da mineira, nasceu em outubro de 2018 e chegou ao mundo saudável. “Quis até adiantar o parto, mas aguentei firme os nove meses. Ele é uma criança muito desejada e amada”, diz.

A médica Ana Cristina Costa, membro da Associação dos Ginecologistas e Obstetras de Minas Gerais (Sogimig), explica que, além dos remédios para conter a náusea, o tratamento da hiperêmese também exige acompanhamento psicológico. “É fundamental porque o diagnóstico tem muito a ver com o estado emocional da paciente”, alerta.

A coordenadora do serviço de psicologia da maternidade Sofia Feldman, em Belo Horizonte, Ana Maria González, lembra que o trabalho terapêutico combate os julgamentos recorrentes no período. “Toda mulher tem questões econômicas, sociais, culturais, de trabalho. Ela não é só mãe e essa ideia do papel feminino, de ser a mãe suficientemente boa, é uma variável que pode aparecer”, diz.

A hiperêmese gravídica, complicação que pode levar à desidratação intensa, desnutrição, perda de peso e alterações no metabolismo, já afetou famosas como a humorista e atriz Tatá Werneck e Kate Middleton, esposa do príncipe William

“A equipe de psicologia tenta ter uma escuta acolhedora, fazendo com que a paciente consiga nomear e reconhecer a autenticidade dos sentimentos durante a gestação para que ela viva uma gravidez real, com seus conflitos, medos e impasses, e deixe para trás a gravidez idealizada”, completa Ana Maria González.

Dieta

Nas situações mais leves, adotar uma dieta menos gordurosa, incluindo água de coco e alimentos gelados e ácidos, como picolés e sucos de limão, maracujá e abacaxi, pode ajudar a conter o enjoo, indica a médica Ana Cristina Costa. “Também é importante se hidratar e comer várias vezes por dia, mas em porções pequenas. A tendência, quando a pessoa está com náuseas, é ficar muitas horas sem comer. Isso acaba piorando os vômitos”, afirma. 

Atividades físicas leves, como hidroginástica, e terapias integrativas, como acupuntura e aromaterapia, também são indicadas. 

Ainda não há definição sobre as causas da hiperêmese, mas conforme o professor da UFMG Antônio Vieira Cabral, que é um dos autores do artigo com orientações médicas da Febrasgo, uma das principais preocupações da comunidade científica é com o feto. Ele pode não receber todos os nutrientes necessários da mãe, que são perdidos durante os vômitos.

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