Ensino superior valoriza salário em 140%, revela pesquisa

Da Redação
horizontes@hojeemdia.com.br
21/09/2017 às 06:00.
Atualizado em 15/11/2021 às 10:39
 (Wesley Rodrigues)

(Wesley Rodrigues)

O diploma universitário faz diferença não apenas na hora de conseguir um emprego, mas principalmente no salário do trabalhador. No Brasil, a disparidade de renda entre os que completam o ensino superior e quem não cursou uma faculdade chega a 140%. Na prática, enquanto um trabalhador que fez faculdade ganha R$ 2.400, quem só completou o ensino médio fica com uma renda de R$ 1.000.

As informações são parte do estudo “Um Olhar sobre a Educação” (“Education at a Glance”), realizado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). A pesquisa compara dados educacionais (de 2015) entre 34 países que integram a organização, além de 11 nações parceiras, como o Brasil, Argentina e China.

Formado em Engenharia de Minas em 2015 pelas Faculdades Kennedy, Vinícius Sier Emídio, de 35 anos, conta que já trabalhava na área desde 2009, mas percebeu grande melhoria ao conquistar o diploma.

“O curso superior e o título de engenheiro significam muito. É importante para o reconhecimento profissional e para o salário”, coloca.
Atualmente dono da própria empresa de engenharia, que realiza projetos e conecta negócios de mineração com os mercados nacional e internacional, o engenheiro acredita que outros cursos de especialização também acrescentam. “Fiz um MBA em Engenharia de Produção que foi igualmente importante”.

O diretor-executivo da Faculdade Promove, Thiago Muniz, é categórico: “Vale a pena o investimento mesmo para quem já está no mercado de trabalho”.

O levantamento da OCDE revela, também, que o ganho salarial é ainda mais significativo para o profissional que fez doutorado. Esse vai ganhar até 4,5 vezes mais do que aquele que não tem ensino superior.

Segurança

Segundo o pesquisador da área de Economia Aplicada da Fundação Getúlio Vargas (FGV/IBRE), Fernando de Holanda Barbosa Filho, os números mostram que, no Brasil, curso superior significa maior chance de inserção no mercado. 

“A partir do momento em que a pessoa completa a escola, o desemprego já começa a cair. Além disso, a faculdade vai aumentar a qualificação e ajudar a aumentar o salário”, afirma.

No geral, conforme o estudo, pessoas com diploma universitário têm uma vantagem de 10% na hora de procurar emprego e mais facilidade de recuperação em época de crise.

Empreendedores

Além da chance de crescer na empresa, ir atrás de uma nova oportunidade ou tentar um concurso público, muitos estudantes buscam o ensino superior para se tornarem, no futuro, empreendedores.

“Tendo um negócio próprio, aquele aluno será melhor remunerado e vai entrar nessa estatística”, analisa Thiago Muniz.

Ele recorda que, há pouco mais de 20 anos, grande parte da população brasileira não tinha acesso à faculdade, o que deixava o mercado restrito e passível ao pagamento de salário mínimo. 

“Hoje, há oferta a essa oportunidade que, depois, vai inserir a pessoa no mercado de trabalho com uma remuneração maior”, avalia. 

Formação básica no Brasil é atrasada em relação a vários países do mundo

O estudo da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) mostra, ainda, que a conclusão do ensino médio já diminui a diferença salarial. No entanto, a situação do Brasil em relação aos demais países escancara a necessidade de investimento na educação básica e o aumento do acesso ao ensino.

“Um curso técnico, por exemplo, já daria uma certa vantagem. Mas, no Brasil, vemos que isso não acontece, porque falta qualidade na formação”, explica Fernando de Holanda Barbosa Filho, pesquisador da FGV/IBRE.

Pela metade

De acordo com os dados da organização, metade dos brasileiros adultos, entre 25 e 64 anos, não terminou o ensino médio – número que representa mais do que o dobro em relação à média dos outros 41 países (22%).

Além disso, grande parte dos adolescentes não conclui os estudos na idade correta, entre 15 e 17 anos. Apenas 53% dos jovens de 15 anos estão matriculados no ensino médio, com 34% deles ainda no ensino fundamental. Nos demais países da OCDE, 90% dos estudantes nesta faixa etária já estão na última fase da escola.

Apesar do panorama ruim, o levantamento mostra que o índice sofreu melhora na faixa entre 25 e 34 anos. Em 2015, 64% concluíram o ensino médio, contra 53% em 2010.Editoria de Arte / N/A

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