Entenda o que é a meningite, doença que matou o neto do Lula, e saiba como proteger os filhos

José Vítor Camilo
01/03/2019 às 16:59.
Atualizado em 05/09/2021 às 16:47
 (Marcelo Camargo / Agência Brasil)

(Marcelo Camargo / Agência Brasil)

Após a morte por meningite do neto do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva, o pequeno Arthur Araújo Lula da Silva, de 7 anos, pais e mães de todo o Brasil ficaram assustados e muitos estão desesperados atrás de informações sobre a doença. Pensando nisso, o Hoje em Dia conversou com um médico infectologista e reuniu aqui tudo que você precisa saber sobre a doença. 

O neto do ex-presidente deu entrada às 7h20 desta sexta-feira (1º) no Hospital Bartira, em Santo André, com um quadro instável. Por volta de 12h11, o pequeno Arthur acabou falecendo devido ao "agravamento do quadro infeccioso". Ele era filho de Sandro Luis Lula da Silva, um dos três filhos de Lula com a ex-primeira-dama Marisa Letícia.

De acordo com o Ministério da Saúde, a meningite consiste basicamente no processo inflamatório das meninges, que são as membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal. A efermidade pode ser causada por vários agentes diferentes e, também, por processos não infecciosos, como medicamentos e tumores. Entre os agentes infecciosos, são considerados mais importantes as meningites bacterianas e virais, por terem um capacidade maior de causar surtos e, no caso da bacteriana, também por sua gravidade. 

O médico infectologista Rodney Martins Neto explica que a doença é considerada endêmica, quando casos são esperados ao longo de todo o ano, com ocorrência de surtos e epidemias vez ou outra. "No caso do neto do ex-presidente foi uma meningite meningocócica, que é bacteriana. Essa doença tem a característica de transmitir de uma pessoa para outra e, por isso, também é considerada a mais comum", explica o especialista. 

A meningite possui uma taxa de letalidade considerada alta, principalmente quando há demora no diagnóstico, já que se trata de uma efermidade que evolui de forma muito rápida. "Tem gente que agrava o quadro de um dia para o outro, outros ficam cerca de três dias com os sintomas antes de piorarem. Mas, geralmente evolui muito rápido, principalmente na meningocócica. Em contraponto, a meningite bacteriana é mais fácil de ser curada, apesar de muitas vezes ficarem sequelas motoras. Já no caso da viral, a evolução é mais lenta, a taxa de mortalidade e o índice de sequelas são menores", completa o médico. 

Como existem vários tipos diferentes da doença, não há uma forma específica de prevenção, mas, felizmente, existem as vacinas para todos os casos. "São vários os tipos e, por isso, são várias as vacinas que são disponiblizadas tanto na rede pública como privada. Não é uma vacina que todo mundo tem que tomar, normalmete são crianças e populações especiais, portadores de doença que baixam a imunidade. A não ser em casos de surto em alguma região, pois aí vacina-se a população toda, inclusive adultos", lembra Neto. 

Apesar das vacinas não terem garantia de prevenção de 100% da doença, o risco de infecção é muito pequeno, sendo considerado desprezível pelos médicos. "O problema é que existem vários tipos diferentes desta bactéria: Meningococos A, B, C, D. A gente não pode afirmar que o neto do Lula não tomou a vacina, mas o que pode ter ocorrido é dele ter se imunizado contra uns dos tipos da bactéria e ter sido infectado por um do qual não estava protegido", garante o médico. 

O médico explica ainda que a contaminação é feita através do contato de secreção respiratória da pessoa doente. "Se falar muito perto, tossir no rosto, ou se dormir no mesmo quarto. Não é o contato eventual, tem que ser contato de tempo prolongado. No caso de pais destas crianças e colegas de escola, por exemplo, existe uma forma de prevenção que é o uso de antibióticos de forma preventiva", conclui. 

Tudo sobre a meningite

- Na meningite bacteriana, geralmente, a transmissão é de pessoa a pessoa, por meio das vias respiratórias, por gotículas e secreções das vias aéreas superiores (do nariz e da garganta). Já na meningite viral a transmissão fecal-oral é de grande importância, especialmente nas infecções por enterovírus. 

A meningite fúngica não é transmitida de pessoa para pessoa. Geralmente os fungos são adquiridos por meio da inalação dos esporos (pequenos pedaços de fungos) que entram nos pulmões e podem chegar até as meninges (membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal). Alguns fungos encontram-se em solos ou ambientes contaminados com excrementos de pássaros ou morcegos. Já um outro fungo, chamado Candida, que também pode causar meningite, geralmente é adquirido em ambiente hospitalar.

Há ainda os parasitas que causam meningite. Eles não são transmitidos de uma pessoa para outra, e normalmente infectam animais e não pessoas. As pessoas são infectadas pela ingestão de produtos ou alimentos contaminados que tenha a forma ou a fase infecciosa do parasita

- A meningite é uma síndrome que pode ser causada por diferentes agentes infecciosos. Para alguns destes, existem medidas de prevenção primária, tais como vacinas e quimioprofilaxia. As vacinas estão disponíveis para prevenção das principais causas de meningite bacteriana. As vacinas disponíveis no calendário de vacinação da criança do Programa Nacional de Imunização são:

- Vacina meningocócica conjugada sorogrupo C: protege contra a Doença Meningocócica causada pelo sorogrupo C;

- Vacina pneumocócica 10-valente (conjugada): protege contra as doenças invasivas causadas pelo Streptococcus pneumoniae, incluindo meningite.

- Pentavalente: protege contra as doenças invasivas causadas pelo Haemophilus influenzae sorotipo b, como meningite, e também contra a difteria, tétano, coqueluche e hepatite B.

- BCG: protege contra as formas graves da tuberculose.

- Outras formas de prevenção incluem: evitar aglomerações e manter os ambientes ventilados e limpos  

- A meningite é uma síndrome na qual, em geral, o quadro clínico é grave, por isso no momento em que achar que você ou alguém pode estar com sintomas de meningite deve procurar atendimento médico o mais rápido possível. Um médico pode determinar se você tem a doença, o tipo de meningite e o melhor tratamento. Confira abaixo os principais sintomas de cada um dos tipos da doença: 

- Bacteria: Os sintomas da meningite incluem início súbito de febre, dor de cabeça e rigidez do pescoço. Muitas vezes há outros sintomas, como mal estar; náusea; vômito; fotofobia (aumento da sensibilidade à luz); e confusão. Com o passar do tempo, alguns sintomas mais graves de meningite bacteriana podem aparecer,  como: convulsões, delírio, tremores e coma.

Em recém-nascidos e bebês, alguns dos sintomas descritos acima podem estar ausentes ou difíceis de serem percebidos. O bebê pode ficar irritado, vomitar, alimentar-se mal ou parecer letargico ou irresponsivo a estimulos. Também podem apresentar a fontanela (moleira) protuberante ou reflexos anormais. Na septicemia meningocócica (também conhecida como meningococemia) que é uma uma infecção na corrente sanguínea causada pela bactéria Neisseria meningitidis, além dos sintomas descritos acima, podem aparecer outros como fadiga; mãos e pés frios; calafrios; dores severas ou dores nos músculos, articulações, peito ou abdomen (barriga); respiração rápida; diarréia e manchas vermelhas pelo corpo. 

- Vírus:  Os sintomas iniciais da meningite viral são semelhantes aos da meningite bacteriana. No entanto, a meningite bacteriana é geralmente mais grave. Entre os sintomas estão: febre; dor de cabeça; rigidez no pescoço; náusea; vômito; falta de apetite; irritabilidade; sonolência ou dificuldade para acordar do sono; letargia (falta de energia); fotofobia (aumento da sensibilidade à luz). 

Em recém-nascidos e bebês, alguns dos sintomas descritos acima podem estar ausentes ou difíceis de serem percebidos. O bebê pode ficar irritado, vomitar, alimentar-se mal ou parecer letárgico (falta de energia) ou irresponsivo a estimulos. Também podem apresentar a fontanela (moleira) protuberante ou reflexos anormais.

- Parasitas:  Tal como acontece com a meningite causada por outras infecções, as pessoas que desenvolvem este tipo de meningite podem apresentar dores de cabeça, rigidez no pescoço, náuseas, vomitos, fotofobia (sensibilidade à luz) e/ou estado mental alterado (confusão).

- Fungos: Os sinais e sintomas de meningite fúngica são parecidos com os causados por outros tipos de agentes etiológicos, como segue: febre, dor de cabeça, rigidez no pescoço, nausea, vomitos, fotofobia (sensibilidade à luz), e status mental alterado (confusão).

Para conferir o guia completo elaborado pelo Ministério da Saúde com todas as informações sobre a meningite, clique aqui.

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