Escolas mineiras que adotarão modelo cívico-militar têm baixo desempenho no Ideb

Renata Galdino
21/11/2019 às 20:55.
Atualizado em 05/09/2021 às 22:46
 (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

(Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Três cidades mineiras já devem ter, em 2020, escolas cívico-militar, iniciativa do governo federal. Belo Horizonte, Ibirité (região metropolitana) e Barbacena (Zona da Mata) foram selecionadas. Agora, aguardam orientações do Ministério da Educação (MEC) para definir os próximos passos para a implantação do modelo de ensino e gestão.

Dois colégios são da rede estadual e um, municipal. Todos têm em comum o baixo desempenho no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), que mede a qualidade no ensino.

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A gestão cívico-militar (com participação de profissionais da sociedade civil e servidores militares) é aposta para melhorar os números. “É um modelo que acreditamos que vai ter um amplo sucesso no Brasil”, disse o ministro da Educação, Abraham Weintraub, nesta quinta-feira (21), ao anunciar os municípios escolhidos. 

Até então não existe um modelo nacional de escola cívico-militar. Ao lançar o programa, o governo visa a construir um modelo que deseja ver implementado. Ele se baseia em algumas experiências, que são os colégios das Forças Militares, que hoje têm 13 escolas no sistema e com manutenção cara. Apesar de esse ser o ‘norte’ do governo, seria inviável subsidiar uma escola desse tipo. O modelo do MEC está bem mais próximo do que já é desenvolvido em locais como Roraima. Lá, por exemplo, foi feita parceria com a Secretaria de Segurança Pública do Estado e um arranjo organizacional implementado nas escolas em vulnerabilidade social e com altos índices de violência"Daniel Braga - Mestre em Educação e doutorando em Políticas Públicas Educacionais

No Ideb de 2017, a Escola Estadual Princesa Isabel, no bairro Aparecida, Nordeste de BH, atingiu índice de 2,9 dentro de uma meta que era de 3,8 para os quatro anos finais (6º ao 9º) do ensino fundamental.

Também sob a tutela do Estado, a dos Palmares, em Ibirité, teve resultado pior na mesma edição da avaliação: a meta era 5, mas o valor alcançado foi 2,9. Por lá, conforme uma fonte ligada à unidade e que pediu o anonimato, a comunidade está animada com a escolha. “Todos já aguardam o novo modelo”, afirmou.

Em nota, a Secretaria de Estado de Educação (SEE) informou que um encontro entre representantes da pasta, das escolas e do Ministério da Educação (MEC) está previsto para o início do próximo mês. Durante a reunião serão repassadas as orientações e as diretrizes sobre a implantação da iniciativa.Marcelo Camargo/Agência BrasilGestão das escolas será compartilhada entre profissionais da sociedade civil e militares

Exemplo

Quem também se diz satisfeito com a seleção é o secretário municipal de Educação de Barbacena, Luiz Carlos Rocha de Paula. Foi a partir do exemplo do Colégio Tiradentes da cidade, ligado à Polícia Militar (PM), que a pasta decidiu aderir ao programa do MEC. “Eles têm resultados positivos em termos de disciplina e aprendizado. É o que desejamos para os nossos alunos”.

No município, a escola Embaixador Martim Francisco foi a escolhida. A unidade enfrenta um gargalo nos quatro últimos anos do ensino fundamental.

A meta do Ideb para 2015 era 5,5. Porém, o valor alcançado foi 5,4. Dois anos depois, o cenário piorou: a meta de 5,7 não foi alcançada e o resultado chegou a 4,7.

De acordo com o secretário, o próximo passo é promover uma consulta pública para apresentar o projeto à comunidade. 

No país

Ao todo, 54 escolas em 23 estados e no Distrito Federal foram selecionadas pelo governo para participar do programa. Cerca de R$ 54 milhões serão investidos para a implantação da proposta.

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