Escolas particulares discutem diretrizes sanitárias, mas assunto divide os pais

Renata Galdino e Renata Evangelista
horizontes@hojeemdia.com.br
15/07/2020 às 08:35.
Atualizado em 27/10/2021 às 04:02
 (Arquivo Pessoal)

(Arquivo Pessoal)

Ainda sem saber quando as aulas presenciais serão retomadas, escolas particulares de Minas Gerais já discutem diretrizes sanitárias para receber os estudantes. Distanciamento de pelo menos um metro, rodízio de alunos e uso obrigatório das máscaras são algumas recomendações. Mesmo assim, o retorno das atividades, suspensas há quase quatro meses por conta da pandemia de Covid-19, divide as opiniões dos pais.

Um documento assinado pelo sindicato que representa as instituições de ensino, o Sinep, e a Associação Mineira de Epidemiologia e Controle de Infecções (Ameci) foi apresentado ontem aos diretores dos colégios. Preparação dos ambientes, de acordo com tamanho do espaço e número de pessoas no local, e indicações para tratar a saúde mental, socioemocional e física da comunidade escolar foram assuntos abordados.

Presidente do Sinep, Zuleica Reis frisa que são diretrizes básicas e cada instituição tem autonomia para adaptar para a sua realidade. Uma das propostas, a ser avaliada por cada direção, é o escalonamento dos estudantes. Em um dia, metade comparece às aulas presenciais enquanto o restante da turma assiste a mesma aula pela web.

De acordo com enquete realizada no Twitter do Hoje em Dia, 76% dos pais não mandariam os filhos à escola caso as aulas voltassem hoje 

Porém, há quem afirme temer as crianças no colégio ainda este ano. “Muito arriscado. Mesmo com as aulas on-line, eu sei que elas estão perdendo muito em aprendizado e até pensei em tirá-las da escola. Mas tenho muito medo de irem para a aula presencial”, conta a empresária Luzimária Alves, mãe de Ana Júlia e Alice, de 7 e 9 anos.

Já a influenciadora digital Andreza Borgo diz que, para que os dois filhos, de 1 e 4 anos, voltem para o colégio, os cuidados precisam ser rígidos. Ela sugere medição da temperatura e investigação de sintomas entre os alunos. “A exigência do uso de máscara é fundamental e acharia muito interessante se os alunos fossem orientados a deixar os sapatos fora da sala”.

Planejamento

Zuleica Reis diz que as propostas sanitárias para as escolas foram apresentadas, no último dia 7, ao grupo de combate à Covid do Estado. Agora, a gestora pede uma reunião com o prefeito Alexandre Kalil. Em nota, a PBH informou que a entidade se reuniu, no mês passado, com o Comitê de Enfrentamento criado na capital.

Presidente do Sindicato dos Professores do Estado de Minas Gerais (Sinpro), Valéria Morato destaca ser fundamental a chancela do poder público para a volta às aulas. “O documento do Sinep é um protocolo de intenções, mas quem precisa definir é o comitê estadual”.

Mesmo sem previsão das autoridades para o retorno às atividades de ensino, especialistas afirmam que discutir o “novo normal” é essencial. “Agora é impossível retomar as aulas. Estamos em plena aceleração dos casos de coronavírus, não chegamos ao pico. Mas é um momento de reflexão sobre ‘como voltar’. O ‘quando voltar’ fica mais para frente”, ressalta o infectologista Carlos Starling.

Mensalidades

Em meio às discussões sobre a volta às aulas, a questão das mensalidades incomoda os pais. Os responsáveis pelos estudantes alegam que, com as aulas on-line e redução salarial dos funcionários de muitos colégios, o valor pago também deveria sofrer impactos. 

Em algumas situações, o Ministério Público (MP) foi acionado para intermediar acordos. No caso do Coleguium, na capital mineira, os pais dos alunos começaram, ontem, a receber e-mails sobre a situação.

De acordo com o informe, os descontos de 25% e 15% iniciados em junho, respectivamente, para a educação infantil e 1º ao 5º anos do ensino fundamental serão mantidos até o fim da suspensão das atividades. Já os anos finais do fundamental e o ensino médio terão redução de 15% no valor pago.

Em nota, o Coleguium informou que, “em decorrência da crise causada pela pandemia de Covid-19, está adotando uma série de medidas para garantir aos alunos a continuidade dos estudos. Desde o dia 31 de março, o colégio implantou o ensino não presencial como alternativa à suspensão das aulas por tempo indeterminado e, desde junho, tem praticado uma política de descontos”.

  

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