Escutas da PF apontam que Samarco pode ter ocultado informações

Hoje em Dia*
14/03/2016 às 13:43.
Atualizado em 16/11/2021 às 01:47
 (Corpo de Bombeiros/Divulgação)

(Corpo de Bombeiros/Divulgação)

Escutas telefônicas realizadas pela Polícia Federal revelam que funcionários da Samarco combinaram com o setor jurídico da empresa quais informações poderiam ou não ser fornecidas à coporação durante as investigações sobre a responsabilidade da mineradora no rompimento da barragem em Mariana. As informações foram reveladas pelo portal Folha de São Paulo.

O acerto entre os funcionários da empresa foi descoberto por meio de intercepções telefônicas de diretores da Samarco, obtidas pela PF após autorização da Justiça. Foram interceptadas as chamadas de Germano Silva Lopes, gerente geral de projetos, Daviely Silva, gerente de geotecnia, Wanderson Silva, coordenador de monitoramentos, entre outros.

Em conversa no dia 14 de janeiro, Germano Silva Lopes é avisado por um funcionário chamado Lindomar que a Polícia Federal queria ver os registros de tremores do dia do rompimento da barragem e trincas nos prédios. Na época, a Samarco afirmou que o acidente foi consequência de sismos na região do reservatório.

Antes da PF

“Lindomar mandou os peritos irem a campo enquanto ele provindenciava os pedidos. Lindomar disse que no dia tem quatro registros (de tremores), que mandou o jurídico avaliar se aquele material pode mostrar para eles. Lindomar disse que foi até o (setor de) meio ambiente para ver a trinca antes de levar os caras”, afirma o relatório da PF obtido pela Folha de São Paulo.

Outra conversa ouvida pela PF revelam que os responsáveis pelo monitoramento da barragem não tinham certeza da existência dos piezômetros, aparelhos que medem a pressão da água no solo, em determinado ponto da barragem. O piezômetro deveria estar localizado no local onde o ex-consultor  da Samarco Joaquim Pimenta de Ávila disse ter visto um “princípio de ruptura” no fim de 2014.

Em 29 de dezembro,  Wanderson Silva checa com um funcionário chamado Leo se o equipamento existia.O funcionário diz que não, mas que havia instalado um aparelho que estava com nível elevado e duvidava da consistência dele. O piezêmtro, segundo a escuta revela, não foi analisado “hora nenhuma”.

Omissão

O inquérito da PF diz que há “fortes indícios” de que a Samarco “tem escondido dados e informações importantes”. O relatório também aponta que os diretores da mineradora combinaram com a assessoria de imprensa da Samarco sobre como passar ou omitir informações aos jornalistas.

Em nota ao jornal, a Samarco diz que “repudia qualquer alegação de que tenha, em algum momento, tentado dificultar o trabalho das autoridades”.

A defesa dos diretores da Samarco afirmou que não houve tentativa de ocultação ou manipulação da informação, e sim uma “preocupação de padronizar respostas aos milhares de ofícios requisitados”. O advogado Maurício Campos Jr., que defende  Germano Silva Lopes, afirmou em nota que a PF “teve acesso a toda e qualquer informação requisitada”.

*Com informações do portal Folha de S. Paulo

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