Esforços para barrar avanço do sarampo ganham força após isolamento de UPA em BH

Bruno Inácio, Daniele Franco e Lucas Eduardo Soares
21/08/2019 às 19:49.
Atualizado em 05/09/2021 às 20:06
 (LUCAS PRATES)

(LUCAS PRATES)

Mais uma pessoa internada com sintomas da doença, consultas médicas suspensas para uma varredura na Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) Centro-Sul e aumento dos casos em localidades vizinhas, como São Paulo. O alerta contra o sarampo é cada vez maior em Minas, onde os índices de vacinação seguem abaixo da meta. Altamente contagiosa e capaz de matar, a enfermidade já foi diagnosticada em quatro pacientes no Estado, sendo dois na capital. Até o momento, 21 notificações estão em investigação na metrópole.

O temor de que o surto se espalhe levou o Ministério da Saúde a recomendar a imunização de todas as crianças menores de 1 ano. A aplicação da chamada “dose zero” começa hoje. Cerca de 130 mil bebês devem receber a vacina no território mineiro.

A medida é avaliada como positiva por Lúcia Paixão, diretora de Promoção à Saúde e Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Saúde de BH (SMSA). “É uma população mais frágil, que tem chances de complicações da doença e que pode ter uma evolução fatal”, explica a servidora, ressaltando que as doses estão disponíveis em todos os postos da cidade.

Além da aplicação extra, a diretora diz que outras ações estão sendo feitas pela prefeitura da capital para subir o índice de cobertura vacinal entre jovens e adultos. “Campanhas em escolas e em universidades públicas e privadas já estão em andamento”. No Brasil, quem tem até 29 anos deve receber duas doses.

Vice-presidente da Sociedade Mineira de Infectologia (SMI), Virgínia Antunes, no entanto, acredita que a doença tem dados sinais claros de que é necessário um envolvimento multissetorial. “Ações em instituições de ensino e postos de saúde dão certo, mas é preciso também campanhas, visitas dos agentes nos bairros. Para que todos fiquem protegidos, o único caminho é imunizar os 95% preconizados pelo Ministério da Saúde”, garante.

Segundo o Ministério da Saúde, 1,6 mil casos de sarampo foram confirmados em todo o país

UPA fechada

Nesta quarta-feira (21), um protocolo de segurança precisou ser acionado na UPA Centro-Sul de BH. A entrada de um paciente, de 30 anos, que tinha chegado recentemente de São Paulo, interrompeu os atendimentos na unidade por cinco horas. Acolhimentos foram suspensos e os profissionais precisaram imunizar os pacientes.

O operador de caixa Saulo Tarso de Freitas, de 58 anos, estava no local no momento em que as medidas foram colocadas em prática. “Uma equipe da prefeitura vacinou todo mundo e, em seguida, fui liberado”, contou. Lá dentro, segundo ele, as pessoas receberam informações de que o atendimento voltaria ao normal à tarde.

Em nota, a SES-MG disse que está em contato com o Ministério da Saúde para fazer o levantamento dos passageiros que estiveram no mesmo voo do paciente internado na UPA. A ação visa a orientar o bloqueio vacinal.  “Além disso, o município de Belo Horizonte também já está mobilizado para realização do bloqueio de forma seletiva com a vacina tríplice viral em pessoas que estiveram próximas ao caso suspeito”, finalizou.Editoria de Arte

Aumento

Em uma semana, o número de estados com casos de sarampo mais que dobrou, passando de quatro para 11. Atualmente, 1.680 infecções foram confirmadas no país. A capital paulista concentra mais de 70% dos registros. Apesar de Minas não estar na lista, a proximidade com as outras localidades chama a atenção das autoridades e médicos. Além disso, 51 notificações suspeitas estão em análise. 

Especialista em virologia e professor da UFMG, Flávio Fonseca afirma que, por ser um Estado limítrofe, os órgãos de saúde precisam demandar mais esforços. “Sarampo é uma doença de alto contágio. Por isso, o bloqueio acontece como foi feito (na UPA). Assim, seria ideal tomar estratégias como vacinação em rodoviárias, aeroportos e portos. Muitas vezes, o caso é importado”, reforçou.

Como medida preventiva, Fonseca orienta quem for viajar, independentemente do destino, que procure os centros de saúde para receber a imunização. Em Minas Gerais, todos os postos estão aptos a aplicar as doses contra a doença.

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