Esgoto de 1 milhão de pessoas na Grande BH sem tratamento

Izabela Ventura - Do Hoje em Dia
29/01/2013 às 16:00.
Atualizado em 21/11/2021 às 21:23
 (Maurício de Souza)

(Maurício de Souza)

O esgoto produzido por 25% da população da capital e demais municípios da Grande BH, equivalente a mais de 1 milhão de pessoas, não chega às 36 estações de tratamento da Copasa. Sem uma rede completamente estruturada, capaz de levar os rejeitos domésticos até as ETEs, o material vai parar em rios ou fossas, contaminando água e solo.

De acordo com a Copasa, a situação de Belo Horizonte é menos preocupante, com 17,02% dos dejetos ainda não tratados. As duas estações do município, Onça e Arrudas, têm capacidade para receber e “filtrar” 100% do esgoto da cidade. Sem considerar a capital, 37,9% dos rejeitos da Grande BH também contaminam o meio ambiente. O índice geral (capital e cidades vizinhas) é de 25%.

A empresa de saneamento argumenta que o programa Caça-Esgoto, criado em 1997, tem por objetivo identificar e eliminar lançamentos indevidos na rede pluvial e em córregos.

Moradores do bairro Bom Destino, em Santa Luzia (RMBH), exemplificam essa situação, ao conviver com esgoto a céu aberto passando diante das casas. Além do risco à saúde, há ainda o problema ambiental, pois os dejetos são lançados diretamente em um córrego afluente do rio das Velhas. No município, há quatro ETEs – duas delas no Bom Destino.

Déficit

Oitenta imóveis do bairro não têm esgoto captado devido à ausência de rede coletora em algumas ruas. Segundo a Copasa, a infraestrutura não acompanhou o crescimento demográfico local. Mas haveria um projeto para a ligação de novas redes.

Água suja escorre em frente às casas. O assistente de paróquia Santos Magela Pulit, de 60 anos, convive com ratos, baratas e o mau cheiro que vêm de uma cratera.

O filho dele, Carlos Eduardo, de 27 anos, mudou-se para uma casa com vista para a sujeira, há um ano, com a mulher, a pedagoga Pâmela de Paula Xavier, de 22. Ela não vê a hora de sair de lá. “Quando chove, piora. A água levanta o esgoto e o cheiro fica mais forte”, relata.

Perto dali, na esquina das ruas Oito e Um, rejeitos passam diante da casa da artesã Marina Soares, de 46 anos, antes de cair em um córrego. “Não adianta falar que a água está tratada. Já vimos fezes descendo pela manilha”. l
 

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