Especialistas ensinam como orientar as crianças e identificar abusos sexuais; assista ao vídeo

Renata Evangelista
07/10/2019 às 13:30.
Atualizado em 05/09/2021 às 22:06
 (Pixabay / Divulgação)

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As denúncias de que crianças de 3 anos teriam sido supostamente abusadas dentro de uma escola de Belo Horizonte apavoraram pais e levantaram a discussão: como e quando conversar sobre o assunto com os pequenos? De acordo com a psicóloga, psicopedagoga e professora universitária Sylvia Flores, a partir dos dois anos já é possível orientar os filhos, por exemplo, sobre a inadequação de ter os órgãos genitais tocados por terceiros. 

"As mães e o pais devem explicar que existem áreas no corpo que são íntimas e que, por isso, ninguém pode encostar nelas. Mas é importante que seja dito na linguagem da criança, usando termos como pepeca ou pipi, palavras que são usadas dentro de casa", orientou a especialista.

Assista abaixo um vídeo com orientações para os pequenos:

De acordo com a psicóloga, os pais têm que mostrar claramente aos filhos quais são as partes íntimas e reafirmar que ninguém além do papai e mamãe está autorizado a tocar nessas áreas, mesmo que seja um familiar. "E tem que deixar claro para a criança que se alguém fizer esse pedido, mesmo que seja conhecido, ela tem que dizer não, gritar e depois contar para a mãe", ensina.

Segundo Sylvia Flores, uma dica interessante é frisar com os pequenos que se o carinho é legal, não precisa ser escondido.

Alerta máximo

A psicóloga e pedagoga alerta que os pais devem estar sempre atentos para evitar que os filhos sejam vítimas de pedófilos. "A mãe tem que vigiar e lembrar que os abusos acontecem, inclusive, dentro de casa. Este é o papel da mãe, é enxergar ameaça em todos os lados para proteger a criança daquilo que ela não consegue entender. Cabe à mãe ser a responsável pela proteção da criança. E, sim, ela terá uma certa dose de paranoia", reforça a especialista.

Segundo Sylvia, crianças pequenas devem ser orientadas a não sentar no colo de um adulto. "E se for sentar, os pais têm que ficar observando". A psicóloga lembrou que os estupros de vulneráveis, muitas vezes, são cometidos por pessoas conhecidas da família. "Os suspeitos geralmente têm uma máscara de bondade e, por isso, são respeitados pela sociedade. Em geral, são homens, que podem trabalhar com religião, educação e esportes. Por isso, não se pode confiar cegamente nem nos conhecidos", aconselha.

Mas a psicóloga lembra que, mesmo com todos os alertas, infelizmente existem situações em que os crimes não podem ser evitados. "Tem que ter uma dose de sorte de não cruzar com um psicopata ou pedófilo", declarou.

É considerado abuso sexual:

• Fazer com que uma criança ou um adolescente assista a filmes pornográficos ou presencie relações sexuais;
• Fazer com que uma criança ou um adolescente veja adultos nus, revistas pornográficas, ou adultos se masturbando;
• Fotografar ou filmar crianças e adolescentes nus, em posturas eróticas;
• Ficar observando os genitais de crianças e adolescentes para conseguir se excitar, mesmo que seja de forma escondida, podendo assustá-la ou perturbá-la;
• Falar sobre relações sexuais com crianças ou adolescentes com a finalidade de se excitar ou de deixá-los excitados; 
• Tocar ou acariciar os órgãos genitais de uma criança;
• Ter relação sexual oral, anal ou genital com uma criança.

Veja abaixo mais um vídeo com dicas para orientar as crianças sobre prevenção de abuso sexual:

Livros que ajudam a prevenir o abuso sexual infantil:

• A mão boa e a mão boba’, de Renata Emrich e Erica Ianni 
• Não me toca, seu boboca, de Andrea Viviana Taubman, Thais Linhares e Rosana Alverne
• Pipo e Fifi, de Caroline Arcari e Isabela Santos

Como reconhecer a violência

Mudanças bruscas no comportamento podem indicar que crianças e adolescentes tenham sido vítimas de violência sexual. Crianças calmas podem apresentar agressividade e agitação. Elas também podem ter sinais de angústia e insônia.

"É sempre traumático e a criança não tem recurso para lidar com esse abuso, até pela falta de maturidade. Por isso, os pais têm que ficar atentos ao comportamento dos filhos. Em caso de mudanças abruptas, o aconselhável é procurar ajuda profissional", recomenda a psicóloga Luciana Mara França Moreira, professora das Faculdades Promove.

Em caso de suspeita de estupro de vulnerável, a especialista indica que os pais procurem o Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) - unidade pública da política de Assistência Social onde são atendidas famílias e pessoas que estão em situação de risco social ou tiveram seus direitos violados. Veja  abaixo onde ficam os CREAS de cada regional de BH.

No local, conforme Luciana Moreira, as crianças e os responsáveis recebem orientação de psicólogos para identificar se realmente o abuso aconteceu e por parte de quem. "Pode ser fantasia de criança. Então, é muito importante que o caso seja apurado com muito cuidado", reforçou.

Sinais que podem indicar violência sexual contra criança e adolescente:

• Ansiedade excessiva;
• Presença de pesadelos, conversas ou gritos durante o sono;
• Dificuldade ou medo de dormir;
• Perda ou excesso de apetite repentino;
• Fazer xixi na cama ou problemas intestinais;
• Presença de sangramentos, doenças sexualmente transmissíveis, gravidez, infecções ou dores na região genital e abdominal;
• Comportamento muito agressivo ou muito isolado;
• Dificuldade de aprender na escola, quando antes aprendia com facilidade;
• Dificuldades de concentração;
• Comportamento extremamente tenso, em “estado de alerta”;
• Comportamentos muito infantis para a idade;
• Tristeza, abatimento profundo ou choro sem causa aparente;
• Comportamento sexualmente explícito (ao brincar, demonstra conhecimento sobre sexualidade inapropriado para a idade);
• Masturbação visível e contínua, brincadeiras sexuais agressivas;
• Relutância em voltar para casa;
• Ausência na escola por vontade dos pais;
• Descaso com as atividades escolares;
• Não confiar em adultos, especialmente os que lhe são próximos;
• Ideias e tentativas de suicídio;
• Auto-flagelação, ou seja, machucar-se por vontade própria;
• Fugas de casa;
 

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