Estiagem secou mais de 70% dos cursos d’água no Norte de Minas

Ricardo Rodrigues - Hoje em Dia
02/10/2014 às 08:52.
Atualizado em 18/11/2021 às 04:26
 (RICARDO JACI)

(RICARDO JACI)

Dos 730 rios, riachos e córregos do Norte de Minas, que fazem parte da Bacia do São Francisco, mais de 70% secaram, de acordo com levantamento feito pelo escritório regional da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) de Montes Claros. “Depois de três anos consecutivos de seca na região, a maioria dos afluentes secou”, disse o coordenador técnico do órgão, Reinaldo Nunes de Oliveira.

A nascente do São Francisco, em São Roque de Minas (Centro-Oeste), foi muito afetada em razão das queimadas anuais praticadas na microrregião da Serra da Canastra. E no Norte do Estado, a maioria de seus afluentes secou, como o Verde Grande e o Gorutuba.

Na represa de Três Marias, a cota mínima, de 6 metros, baixou para 5,2 metros, e a água é liberada em quantidade mínima aos municípios abaixo do reservatório.

Reinaldo Oliveira percorreu 500 quilômetros do rio, de Três Marias a Matias Cardoso, e ficou assustado com o que viu. “A situação está crítica. Se não chover até o dia 15 de outubro, o rio vai cortar (parar de correr). Mesmo num barco pequeno, a toda hora a gente estava encalhando”, disse. Segundo ele, de Três Marias até Pirapora, o rio é só um filete. Para se deslocar de Pirapora até Ibiaí, teve de abandonar o barco e usar um carro, pois “é impossível navegar nesse trecho”.

O técnico informou que o abastecimento de água está sendo feito por caminhões-pipa na grande maioria dos 92 municípios da região, que não têm mais como suportar a situação se não ocorrerem chuvas significativas. No entanto, de acordo com meteorologistas, a partir deste mês estão previstas algumas pancadas de chuvas, mas as com mais intensidade só ocorrerão em dezembro.

Com a seca prolongada, a situação é preocupante também nas demais bacias hidrográficas mineiras em relação à quantidade e qualidade da água, de acordo com a Agência Nacional de Águas (ANA). As réguas que medem a altura dos rios estão muito abaixo da média nesse período.

Nas cinco estações da ANA no trecho mineiro da bacia do rio São Francisco, a situação é grave. Em Congonhas, na região Central, um de seus afluentes, o rio Maranhão, apresenta cota de 86 centímetros, mas o normal são 154 centímetros no período seco.

Outro afluente, o rio das Velhas, está com 54,1 centímetros de altura no município de Jequitibá, quando o normal são 86 centímetros. Já o rio São Francisco em Pedras de Maria da Cruz (acima de Januária) teve queda do nível de 168 para 84,5 centímetros.


 

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