Ex-diretora do Museu de Arte da Pampulha quer ver o espaço revitalizado; PBH busca nova parceria

Renato Fonseca
rfonseca@hojeemdia.com.br
09/07/2016 às 17:20.
Atualizado em 16/11/2021 às 04:14
 (Cristiano Machado)

(Cristiano Machado)

Fim de tarde na Pampulha. Priscila Freire, então diretora do Museu de Arte (MAP), segue em direção aos jardins da orla, projetados pelo paisagista Roberto Burle Marx (1909–1994). Lá, bem à vontade, puxa uma cadeira e abre uma garrafa de champanhe para admirar o pôr do sol na região. “Esse belo horizonte também precisa ser tombado”, crava Priscila, aos 82 anos. 

Ela que já foi atriz, superintendente de museus de Minas e coordenadora do Sistema Nacional de Museus, em Brasília, trabalhou durante 14 anos no MAP. Em várias oportunidades, após a correria diária do expediente, cumpriu esse ritual.

Na última semana, se encontrou com a reportagem do Hoje em Dia. A entrevista estava agendada para as 15h e, pontualmente, ela chegou no edifício projetado por Oscar Niemeyer. Bem elegante, de cabelo impecável e astral nas alturas, relembrou casos que marcaram a história do museu.

“O tombamento pela Unesco é legítimo. Qualquer bem protegido, porém, exige uma comunicação intensa com a população. É ela que vai defendê-lo. Por isso, o uso do espaço tem que ser constante”Priscila FreireEx-diretora do MAP

“Brigava muito para manter o espaço funcionando. Mas, quando se fala de administração pública, às vezes falta investimento. Certa vez, me falaram que não tinha dinheiro. Então, eu disse que ia fechar o museu. Apareceram vários artistas para protestar. E é assim mesmo. Temos que lutar pelo nosso patrimônio”, conta.

Priscila Freire foi a guia da reportagem nesta rápida visita. Com uma memória impressionante, a ex-diretora sabe de cor e salteado as principais exposições realizadas durante sua gestão. Na hora de falar o que nunca pode faltar no equipamento público, ela é categórica. “O museu precisa de cuidado e atenção. Espero tão logo vê-lo restaurado”.Cristiano Machado

Restauro pode vir por meio de fundo cultural do BNDES

O desejo de Priscila Freire em ver o Museu de Arte restaurado ganha fôlego. Na segunda reportagem da série “Patrimônio de todos”, que mostra a reta final para reconhecimento mundial pela Unesco do conjunto moderno da Pampulha, o Hoje em Dia mostra uma nova cartada em busca da revitalização que contemplará elementos físicos e artísticos do MAP.

O espaço estava incluído na lista de obras a serem tocadas com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) Cidades Históricas. No entanto, a licitação se arrasta e não há previsão para a liberação da verba federal. Agora, a Fundação Municipal de Cultura (FMC) busca apoio do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

O MAP reflete importantes princípios da arquitetura moderna devido à integração visual entre interior e exterior proporcionada pela estrutura envidraçada

A obra está orçada em R$ 4,2 milhões. Os recursos não reembolsáveis viriam de um fundo cultural do banco. Conforme a diretora do conjunto moderno da Pampulha, Luciana Rocha Féres, o pedido está em análise e, até o momento, não há definição oficial. 

Intervenções

O trabalho de restauro deve durar cerca de dois anos. O presidente da Fundação de Cultura de BH, Leônidas Oliveira, explica que a obra visa acabar com um problema antigo.

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 Há mais de 60 anos, após o rompimento da barragem da Pampulha, houve uma pequena movimentação de terra que danificou as esquadrias das janelas. “Quando chove, entra muita água no museu. Tentamos várias vezes resolver a questão, mas ainda não foi possível. Com a restauração isso será resolvido”, garante.

Leônidas Oliveira informou que o mármore das paredes será recuperado na obra, que prevê também intervenções nos banheiros, piso de madeira e os espelhos do interior.

Expectativas

Erguido para abrigar um cassino, o espaço virou museu em 1957 e, desde então, jamais passou por uma restauração deste porte. “Estamos na expectativa do restauro acontecer o quanto antes. É uma necessidade real para que se preserve o equipamento e se ofereça ao público boas condições de visitação”, diz a atual gestora do MAP, Carolina Andreazzi. Além disso, ela destaca que será feita uma licitação para o funcionamento de um café no local.Editoria de arte

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