Ex-goleiro Bruno tem pedido de trabalho externo e revisão de pena negados

Cristina Barroca - Hoje em Dia
04/11/2014 às 11:28.
Atualizado em 18/11/2021 às 04:53
 (Renato Cobucci/Arquivo)

(Renato Cobucci/Arquivo)

O ex-goleiro Bruno Fernandes de Souza, condenado pela morte e ocultação de cadáver da ex-amante Eliza Samudio, teve a autorização de trabalho externo e o pedido de revisão de contagem de pena negados nessa segunda-feira (3).

É a segunda vez que o condenado pede para trabalhar fora do presídio. De acordo com a decisão publicada no Tribunal de Justiça, nos autos não consta o contrato de trabalho, cópia da carteira de trabalho assinada e nem o estatuto comercial da contratada. "Não existe portanto comprovação da contratação e nem da empresa contratante", consta na sentença.

Bruno foi transferido para a Penitenciária de Segurança Máxima de Francisco Sá, no Norte de Minas Gerais no dia 20 de junho deste ano. Apesar do pedido atendido ser baseado na proximidade da família, a estratégia de transferência era para tentar fazer com que Bruno pudesse voltar aos gramados. O equipe que assessora o goleiro afirma ter contrato assinado, desde fevereiro, com o Montes Claros Futebol Clube.

De acordo com a decisão, o atendimento da demanda afetaria a segurança interna e externa da Unidade Prisional onde Bruno se encontra, uma vez que seria necessário disponibilizar efetivo para cumprimento da escolta diária e, ainda, manutenção da guarda durante o decorrer do dia.

Seriam necessárias viaturas para realização do transporte, sendo que a Unidade possui apenas quatro veículos para atendimentos de todas as demandas, incluindo as judiciais para todo o Estado, pois 90% da população carcerária da Penitenciária de Francisco Sá não pertencem àquela região.

Conforme explicação do Diretor da Penitenciária no próprio processo, o pedido estaria, além de tudo, violanto o protocolo de segurança da unidade.

Além disso, o trabalho que deseja realizar é incompatível com o cumprimento de pena em regime fechado, uma vez que um atleta profissional do futebol deve participar de treinamentos físicos e técnicos exigidos pelo Clube, de todos os jogos oficiais e amistosos, quando escalado, dentro e fora do país; concentrar para os jogos; submeter a tratamentos de lesões e realizar viagens, quase que semanais.
A sentença esclarece ainda que o trabalho externo para o ex-goleiro não é descartada, desde que seja em serviço ou obras públicas.

Quanto ao pedido de revisão da contagem, a defesa do condenado pede que seja considerado o tempo de prisão temporária que começou em 2010 e não a partir da condenação em março de 2013. No entanto, o juiz Famblo Santos Costa, de Francisco Sá, indeferiu o pedido por entender que o tempo que Bruno cumpriu pena temporária em Minas foi devida à condenação criminal na cidade do Rio de Janeiro não podendo ser considerada como tempo de pena cumprida para a condenação no Estado de Minas Gerais.

Confissão e delação
 
O julgamento do ex-goleiro do Flamengo e do Atlético foi marcado pela confissão do atleta na quarta-feira (6), que confirmou, pela primeira vez, que Eliza Samudio foi assassinada. Além disso, ele surpreendeu ao contar que o executor da vítima foi o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o "Bola".
 
Mesmo entrando em contradição por diversas vezes, Bruno contou com detalhes que Eliza Samudio foi esquartejada e teve seus restos mortais jogados para os cães do ex-policial. Ele não chegou a confessar que foi o mandante do crime, mas informou que "sabia e imaginava" que Eliza seria morta.
 
Em seu depoimento, ele assumiu que se beneficiou da morte de sua ex-amante e confessou que poderia até ter evitado que ocorresse. "Não sabia, não mandei, mas aceitei", disse. Também jogou a responsabilidade do crime para cima de seu amigo e braço direito Luiz Henrique Romão, o "Macarrão".
 
Para o Ministério Público (MP), o jogador arquitetou a morte de Eliza para não ter de reconhecer o filho que teve com ela e nem pagar pensão alimentícia. O corpo da ex-amante do atleta, assassinada no dia 10 de junho de 2010, nunca foi encontrado. Além da ex-modelo, o MP sustenta que o goleiro tinha a intenção de matar Bruninho, o que não aconteceu por recusa de "Bola".
 
Julgamento
 
Apontado pelo goleiro Bruno como o assassino de Eliza Samudio, "Bola" irá sentar no banco dos réus para responder sobre o crime no dia 22 de abril deste ano. O julgamento será no mesmo Fórum de Contagem, também presidido pela juíza Marixa Fabiane Lopes. O ex-policial foi indiciado por homicídio duplamente qualificado, sequestro, cárcere privado e ocultação de cadáver.
 
Além dele, ainda serão julgados o ex-caseiro do sítio de Bruno, Elenilson Vítor da Silva, e o motorista do atleta, Wemerson Marques de Souza, o "Coxinha". Os réus respondem por sequestro e cárcere privado e vão a júri popular em 15 de maio.
 
Condenação
 
Luiz Henrique Ferreira Romão, o "Macarrão", e Fernanda Gomes de Castro, ex-namorada do goleiro Bruno, já foram julgados e condenados em novembro de 2012. "Macarrão" foi sentenciado a 12 anos em regime fechado por homicídio triplamente qualificado (por motivo torpe, asfixia e uso de recurso que dificultou a defesa da vítima) e mais três anos em regime aberto por sequestro e cárcere privado. Ele foi absolvido da acusação de ocultação de cadáver.
 
Já Fernanda vai responder por dois crimes: de sequestro e cárcere privado de Eliza Samudio e de seu filho, Bruninho, com pena de 2 e 3 anos respectivamente, ambas em regime aberto.

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