Ex-presidente da Vale não comparece à CPI sobre desastre de Brumadinho

Renata Evangelista
06/06/2019 às 12:02.
Atualizado em 05/09/2021 às 18:59
 (Renata Evangelista)

(Renata Evangelista)

O ex-presidente da Vale Fábio Schvartsman não compareceu à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre o desastre de Brumadinho, realizada na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), nesta quinta-feira (6). 

O executivo, responsável pela mineradora quando a barragem da Mina Córrego do Feijão se rompeu, conseguiu um habeas corpus que o livrou de prestar depoimento. O argumento usado pela defesa de Schvartsman é que ele já foi ouvido por várias instâncias e colabora com as investigações. 

Com a ausência do principal convidado, os deputados que integram a CPI ouviram dois especialistas independentes. Um deles é o arquiteto Paulo Masson, que apresentou um estudo de geomonitoramento da barragem. 

Conforme o documento, as imagens de satélite compiladas nos últimos 10 anos mostram que, em vários momentos, a barragem apresentava água empossada.

Para o deputado André Quintão (PT), relator da CPI, a situação pode ser um dos motivos para o rompimento da barragem. “A Vale não adotou o princípio da precaução e causou a morte de quase 300 pessoas devido à sua irresponsabilidade em adotar medidas preventivas em uma barragem que já demonstrava instabilidade”, declarou o parlamentar. 

O estudo também traz fotos que revelam que tanto o volume de água da barragem aumentou, ao longo do tempo, quanto a população no entorno. “As imagens são impressionantes e mostram que a Vale sabia do risco de rompimento”, observou o deputado João Victor Xavier (PSDB). 

Apesar das conclusões tiradas pelos dois parlamentares, o responsável pelo estudo não afirmou que a barragem apresentava excesso de água ou que isso seria determinante para o rompimento. “As imagens mostram que a mineradora tentou drenar a água e resolveu algum problema”, colocou Paulo Masson. 

Durante a sessão, o geólogo Paulo Teixeira da Cruz também foi ouvido e disse que “barragens estão sujeitas a acidentes”. Para ele, as tragédias envolvendo este tipo de estrutura servem de lição para evitar novos desastres. “Mas, infelizmente, os acidentes no Brasil envolvendo barragens têm aumentado”. 

Em nota, a Vale informou que as causas do rompimento ainda estão sendo investigadas. "Os piezômetros que monitoravam a Barragem I ao longo do tempo mostravam que o nível de água estava se reduzindo dentro da estrutura, o que foi registrado em relatório de auditoria externa. A estrutura também passou por inspeções em 8 de janeiro e 23 de janeiro de 2019, com registro no sistema de monitoramento da Vale e cadastro no sistema da Agência Nacional de Mineração. Em nenhuma dessas inspeções foi detectada alteração no estado de conservação que expusesse situação de risco iminente de ruptura da estrutura", declarou a empresa por meio de nota.

 As oitivas na CPI têm previsão de durar até o dia 14 de junho, Depois da conclusão do relatório, ele será  encaminhado às autoridades judiciais.

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