Exercitar a memória ajuda a evitar 'brancos' em meio à correria diária e ao acúmulo de tarefas

Patrícia Santos Dumont
23/12/2019 às 09:06.
Atualizado em 05/09/2021 às 23:07
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A memória só começa a falhar quando a idade chega, certo? Errado! Alguns anos atrás, esse raciocínio podia até fazer sentido. Hoje, não mais. Esquecimentos pontuais têm virado rotina entre os mais jovens. Até mesmo os adolescentes. Excesso de atividades e de cobranças, sobrecarga de trabalho e estudo, preocupação e ansiedade são fatores que levam a lapsos recorrentes. Manter uma rotina saudável e exercitar a mente todo dia fazem parte da receita para deixar o cérebro tinindo.

Neurologista no Hospital Albert Einstein, Saulo Nader, mais conhecido como Doutor Tontura, tranquiliza quanto às queixas na juventude. “Não é Alzheimer nem demência”, afirma. Segundo ele, agilidade mental, capacidade de processar informações e de concentrar-se podem ser prejudicadas por fatores emocionais ligados às atribu-lações do mundo moderno.

Assista ao vídeo com exercícios ensinados na escola Supera, de ginástica cerebral:

 “Dormir menos do que o cérebro pede e ficar estressado com frequência, preocupado e ansioso levam à dificuldade para se lembrar de compromissos, fazem com que as pessoas percam objetos pela casa e tenham branco até durante um discurso”, comenta. 

Readequação

Estudante de Arquitetura, Laura de Paula, de 19 anos, sabe bem disso. Atropelada pela rotina, que inclui faculdade, um estágio, aulas de inglês e de teatro, precisou pisar no freio para ter a boa memória de volta. “Comecei a esquecer coisas simples, mas importantes, como a prova do dia seguinte, o aniversário da melhor amiga e até a roupa que havia usado no dia anterior”, conta. Uma visita ao médico foi o suficiente para o “diagnóstico”: excesso de informações e sobrecarga no próprio cérebro. 

Apesar da pouca idade, João Pedro Lima, de 9 anos, também chamou a atenção da mãe quando começou a esquecer conteúdos importantes, nos quais ia bem na escola. “Sempre foi um menino estudioso e esperto, mas começou a esquecer o que havia aprendido no mesmo dia ou uma, duas semanas antes. Foi preciso ajustar as atividades para que ele tivesse mais tempo para se dedicar a cada uma delas”, lembra a mãe, Caroline.

Multitarefa

Especialista na Unimed-BH, a também neurologista Rosamaria Peixoto Guimarães diz que a memória é formada a partir de uma sequência de funções cerebrais. Ela explica que até que uma informação seja de fato armazenada, passa por diferentes etapas, incluindo atenção e concentração, comumente prejudicadas pelo excesso de atividades no dia a dia. 

“É a famosa multitarefa, conversar ao telefone enquanto digita, assistir à TV enquanto usa o celular. O cérebro não faz duas, três coisas ao mesmo tempo como se imagina. O que ele faz é mudar de uma para outra num intervalo curtíssimo de tempo”, detalha a especialista, acrescentando a privação de sono como um agravante do problema. 

“É durante o sono que as informações que recebemos ao longo do dia são sedimentadas. É quando realmente se concretiza a memória de longo prazo”, detalha. 

“O estilo de vida das pessoas que dormem pouco, têm muito estresse, preocupação, exigência e ansiedade faz com que se tornem esquecidas. Se o emocional não vai bem, a cognição anda pelo mesmo caminho” - Saulo Nader - Neurologista no Hospital Albert Einstein

Estudar é uma das formas de desafiar e proteger o cérebro

Pode até parecer, mas não é força de expressão dizer que o cérebro precisa, assim como os músculos, ser exercitado. E não é nada de outro mundo. Aprender uma atividade por dia, seja ela o capítulo de um livro ou o conceito de uma nova palavra são meio caminho andado para aumentar o que os médicos definem como reserva cognitiva. 

“A gente tem, sim, essa interpretação do cérebro como um grande músculo. Pessoas que tiveram mais atividade cognitiva ao longo da vida, que estudaram mais, atuaram em profissões que exigiam mais da capacidade cognitiva, que leram e fizeram cursos estão mais protegidas contra o Alzheimer no futuro”, afirma o neurologista Saulo Nader, de São Paulo. 

Segundo ele, atividades simples, executadas no dia a dia, são suficientes para desafiar o cérebro, forçando-o a reinventar-se e recalibrar as vias neurológicas, fortalecendo e protegendo a memória. 

É exatamente essa a premissa da Supera, primeira empresa brasileira dedicada exclusivamente ao desenvolvimento das capacidades cerebrais. Em sala de aula, alunos de diferentes idades e com diferentes demandas são levados a treinar concentração, atenção e raciocínio – bases para uma boa memória. 

“Recomendamos um mínimo de 18 meses de atividades em sala de aula. Como dispomos de ferramentas on-line, conseguimos medir o grau de evolução do aluno. Outro dia, recebemos uma adolescente de 14 anos. O pai contou que ela ficava nervosa e não ia bem nas provas. Em três meses, passou a tirar só notão”, conta a diretora da unidade Supera BH – Coração Eucarístico, Juliana Antunes Almeida.

“Usar a mão contrária, fazer um caminho diferente e andar de trás para frente ajudam a utilizar outras áreas, diferentes das habituais, do cérebro” - Rosamaria Peixoto Guimarães - Neurologista

Confira no vídeo abaixo dicas naturais para potencializar a memória, conforme o neurologista Saulo Nader:

 Além disso: 

Dicas práticas dos neurologistas Rosamaria Peixoto Guimarães, da Unimed-BH, e Saulo Nader, do Hospital Albert Einstein, para fortalecer a memória:

  • Baseie sua alimentação na dieta do mediterrâneo, composta basicamente por alimentos frescos, peixes, azeite, frutas, legumes e castanhas
  • Pratique atividade física. Exercícios ajudam a oxigenar o cérebro, produzindo substâncias que aumentam a sensação de bem-estar e de prazer, diminuindo a tensão e a ansiedade
  • Sinta-se descansado ao acordar pela manhã. Noites agitadas, com despertadores constantes, não são suficientes para concretizar a memória de longo prazo
  • Não use remédio para dormir. Pesquisas indicam que algumas classes de ansiolíticos, a médio e longo prazo, provocam efeito contrário e problemas de memorização

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