Falta de cuidado joga por terra investimento em paisagismo

Rosildo Mendes - Hoje em Dia
25/01/2014 às 10:06.
Atualizado em 20/11/2021 às 15:35
 (Flávio tavares - Hoje em Dia)

(Flávio tavares - Hoje em Dia)

Na inauguração, ambiente limpo e tudo muito verdinho. Placas de grama, flores e árvores recém-plantadas enfeitam o cenário para fotos e até encontros de casais apaixonados. Mas, poucos meses depois, o que deveria ser beleza dá lugar a mato, mudas mortas e lixo, ou acaba se tornando alvo de depredação.

A falta de manutenção adequada nos canteiros e jardins nas laterais de ruas e avenidas e até às margens de rodovias compromete o investimento feito em paisagismo na capital e no interior do Estado.

No trecho da BR-381 entre o Anel Rodoviário e Caeté, na Grande BH, por exemplo, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit) gastou cerca de R$ 100 mil com o transporte e o plantio de grama em canteiros.

Para o presidente do Movimento SOS Rodovias Federais, José Aparecido Ribeiro, intervenções do tipo às margens de rodovias federais são válidas desde que haja um estudo para saber se a espécie cogitada é adequada e, principalmente, manutenção.

“Os serviços executados pelo Dnit, na maioria das vezes, são paliativos. A BR-381, por exemplo, precisa de duplicação. Plantar grama não vai salvar vidas, apenas aumenta o gasto público”, critica.

O paisagismo na “Rodovia da Morte” e nas BRs 262, 040, 135 e 050, dentre outras em Minas, pode ter sido prejudicado por furtos de tapetes de grama, falta de irrigação e acúmulo de entulho sobre a vegetação, diz José Aparecido.

O Hoje em Dia percorreu a BR-381 até Ravena, em Sabará. Em poucos mais de 30 quilômetros, nos trechos onde houve execução de serviços de recuperação de encostas, drenagem ou construção de ponte, o mato alto e o lixo predominavam.

A grama junto à ponte sobre o rio das Velhas, estrutura reinaugurada em 2011, desapareceu. No lugar, o capim colonião se destaca, tapando placas de sinalização e dificultando a visão dos motoristas.

A poucos quilômetros dali, perto de Ravena, trecho que ainda aguarda a licitação para duplicação, a grama plantada há menos de sete meses também sumiu.

Parte do tapete verde foi roubada e o que restou morreu por falta de água após o plantio. O Dnit não quis se pronunciar sobre o assunto. l

Espaços menos verdes por toda a capital

Sem flores ou grama e com plantas ornamentais secas por falta de zelo, jardins e canteiros recentemente instalados nos principais corredores de Belo Horizonte estão praticamente abandonados. Mato alto, sujeira e até mau cheiro marcam os espaços.

Exemplo está no canteiro do Boulevard Arrudas. Inaugurado em maio de 2013, no trecho entre as avenidas Tereza Cristina e Barbacena, no Carlos Prates, não tem mais flores. As plantas ornamentais morreram.

LUGAR DISPUTADO

Na capital, também há espaços verdes ocupados por moradores de rua. É o que acontece, por exemplo, na avenida Antônio Carlos, na Lagoinha, onde barracos de papelão e lona isolam e danificam o canteiro.

Na avenida Barbacena, no Barro Preto, o lixo se acumula sobre a terra batida que um dia fez parte de um jardim. Perto dali, em um ponto de ônibus, na avenida Tereza Cristina, o lixo e o mato dominam a paisagem. Na Augusto de Lima, o canteiro está quebrado e com lixo.

Professora de arquitetura e urbanismo da UFMG, Marieta Cardoso Maciel diz que a responsabilidade sobre as áreas deve ser dividida entre o poder público e a população.

Muitas vezes, lembra, os moradores não só deixam de cuidar delas como destroem. Integrante do Movimento Nossa BH, Adriana Torres diz que o poder público até recupera os espaços, mas se “esquece” da manutenção.

A prefeitura não informou quanto gasta em paisagismo, mas está previsto no Plano Plurianual de Ação Governamental um investimento de R$ 18 milhões por ano com a manutenção de praças, jardins e canteiros em BH.

Segundo a assessoria, as regionais já realizam periodicamente serviços como corte de grama, capina, limpeza e poda de árvores nos jardins e canteiros.

Já quem assume um espaço público por meio do projeto “Adote o Verde” fica responsável pela manutenção

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