Falta de leitos preocupa: pesquisa encomendada pela União alerta para essa possibilidade

Renata Galdino
rgaldino@hojeemdia.com.br
01/04/2020 às 21:44.
Atualizado em 27/10/2021 às 03:09
 (Pedro Gontijo / Imprensa MG)

(Pedro Gontijo / Imprensa MG)

Enquanto o governo mineiro elabora edital para contratar 2 mil leitos de CTI destinados a pacientes com Covid-19, estudo da Universidade de Harvard (EUA) sugere que vão faltar vagas em hospitais de capitais brasileiras a partir de 21 de abril. A projeção coincide com a estimativa de pico da doença em Minas que, segundo a Secretaria de Saúde (SES), deve ocorrer entre o fim de abril e o início de maio.

A pesquisa internacional, publicada como prévia na plataforma MedRxiv (dedicada a artigos ainda não divulgados em revistas científicas), também é assinada por cientistas brasileiros, entre eles, da UFMG e do Ministério da Saúde. Como resultado, os profissionais apontaram preocupação principalmente com quem depende da rede pública de saúde.

Ontem, o secretário nacional de Vigilância em Saúde, Wanderson Oliveira, disse que o levantamento foi um pedido da União, feito na última semana, à universidade americana, para identificar a necessidade de leitos, UTIs e respiradores. O gestor garantiu que o documento foi distribuído aos estados para ajudar nas estratégias de combate à enfermidade.

Por e-mail, a pesquisadora Márcia Castro, de Harvard, informou ao Hoje em Dia que o estudo é baseado nos casos de coronavírus no país reportados até 28 de março. Foram considerados 12 cenários possíveis da doença no Brasil. 

As análises apontam que “o curso clínico da Covid-19 coloca sérios desafios para a sistema de saúde e pode exigir decisões drásticas de racionamento”. A maior escassez será de leitos de CTI, principalmente no SUS – que atendecerca de 80% da população.

Nas áreas de maior vulnerabilidade, a transmissão do vírus deve ocorrer mais rapidamente, sinaliza o estudo. “Uma alternativa para aliviar o problema é colocar temporariamente os hospitais privados sob a controle do Estado, medida adotada pela Espanha”, sugerem os pesquisadores.

A SES foi procurada para comentar a pesquisa, mas disse que não dispunha de tempo hábil para uma fonte se inteirar do assunto.

Em coletiva on-line ontem, o secretário de Saúde de Minas, Carlos Eduardo Amaral, antecipou que o edital para contratar leitos deve ser publicado em breve. O alvo é a rede de prestadores de serviços da SES.

Segundo o gestor, 300 leitos de enfermaria estão atendendo a casos de Covid-19. Outros 50 de UTI foram realocados para a demanda. 

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