Falta de zelo no metrô de BH abre caminho para a Covid e coloca usuários em risco

Renata Evangelista
rsouza@hojeemdia.com.br
29/05/2020 às 12:41.
Atualizado em 27/10/2021 às 03:38
 (Lucas Prates/Hoje em Dia)

(Lucas Prates/Hoje em Dia)

Falta de álcool em gel e da marcação – tanto nas estações quanto nos trens – para sinalizar a distância mínima entre os passageiros. Aglomeração ao embarcar e desembarcar nos vagões e imprudência dos usuários, que não usam as máscaras de proteção da forma correta. Esses são alguns dos riscos enfrentados por quem utiliza o metrô em Belo Horizonte. 

O perigo de se contrair a Covid-19 nesses deslocamentos é diário, alertam médicos. No modal, ao contrário dos ônibus da capital, não há norma que obrigue medidas rígidas de segurança - nos coletivos de BH, um decreto determina regras. No metrô apenas orientações são repassadas pela Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU).

A falta de zelo no meio de transporte foi flagrada nos últimos três dias pela reportagem do Hoje em Dia, que percorreu estações e trens. Usuários ouvidos lamentam a situação. "Aqui não tem álcool em gel e, infelizmente, muita gente não tem condições de comprar", observou o mecânico Ricardo Reis de França, de 37 anos. 

Segundo ele, se o produto fosse oferecido nas estações, poderia "ajudar a deixar a mão limpinha e a pessoa mais segura". Responsável pelo transporte, a CBTU confirmou que o álcool  não é disponibilizado aos passageiros.

Outro receio de quem anda de metrô é a ausência das marcações para indicar a distância de segurança em todos os terminais e vagões. "Seria bom ter o adesivo para as pessoas tomarem consciência", afirma Ricardo França. "O aviso é só por cartaz e nos alto-falantes, acho insuficiente", acrescenta a diarista Tatiley Naiara Gonçalves dos Reis, de 31 anos.Lucas Prates/Hoje em Dia


Máscaras são obrigatorias no metrõ, mas muitos desrspietam as regras

 
Em nota, a CBTU garantiu que afixou a sinalização nas estações com maior fluxo de passageiros. "Incluindo Eldorado, Lagoinha, São Gabriel, Central e Vilarinho, que conta com a demarcação tanto nas áreas de acesso, quanto no saguão da estação".

A falta do álcool em gel e da sinalização nos vagões e estações, conforme o infectologista Sidnei Rodrigues, pode contribuir para o contágio do novo coronavírus. "Não ter o distanciamento entre as pessoas e não ter o álcool favorece, e muito, a transmissão da doença. São mais dois complicadores quando se pensa nos meios de transporte público", avaliou o médico.

Segurança
A Prefeitura de BH, que nesta semana autorizou a flexibilização do comércio, disse que a CBTU garantiu adotar “várias medidas de segurança para os usuários”. Dentre elas, a ampliação de horários de funcionamento e operação com trens acoplados, “o que dobra sua capacidade de transporte".

A companhia que gerencia o metrô da capital reforçou que desde 21 de março tem colocado oito vagões para rodar - antes eram quatro - para permitir maior distância entre os usuários no interior dos carros. 

"A grade horária também sofreu alterações. Com a determinação da prefeitura (para a retomada do comércio), desde a última segunda-feira (25), a CBTU ampliou o horário de circulação, com trens passando a circular das 5h40 às 20h", informa nota enviada. De fato, o Hoje em Dia não registrou superlotação nos vagões, mas a aglomeração acontece quando os passageiros desembarcam. 

Para o infectologista Sidnei Rodrigues, cada usuário também tem que fazer a sua parte para evitar o contágio da doença. O médico listou uma série de medidas que podem ser adotadas pelos próprios usuários. Evitar os horários de picos, optar pelos vagões mais vazios e resguardar a distância mínima de um metro e meio da outra pessoa são atitudes essenciais. 

"É muito importante também que, se a pessoa tiver com sintoma gripal, com nariz escorrendo, tosse, febre e garganta doendo, procure um serviço de saúde e fique em casa. Ela pode estar com um resfriado comum ou com o coronavírus distribuindo para outras pessoas", alertou.

Falta proteção
Dentre as imprudência cometidas pelos usuários estão o uso incorreto das máscaras de proteção. Elas são obrigatórias para conseguir acessar as estações do metrô. No entanto, não é difícil flagrar quem coloca o equipamento no pescoço ou abaixo do nariz. Usada da forma incorreta, ela não protege contra a Covid-19.

"Por certo que todas essas mudanças contam necessariamente com o envolvimento e a adesão dos usuários, o que é indispensável para garantir saúde e bem-estar à população", destacou a CBTU pedindo a colaboração dos passageiros.

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