Falta vacina para grávida em Belo Horizonte

Izabela Ventura - Hoje em Dia
03/01/2014 às 08:23.
Atualizado em 20/11/2021 às 15:07
 (Frederico Haikal/Hoje em Dia)

(Frederico Haikal/Hoje em Dia)

A vacina tríplice bacteriana adulta está em falta na rede privada de saúde de Belo Horizonte, situação que preocupa médicos e gestantes. Ela previne o tétano, a difteria e a coqueluche, doenças que ameaçam seriamente a vida dos bebês, e ainda não é disponibilizada no calendário básico público.

Apenas a vacina dupla, que abrange difteria e tétano, é aplicada em todas as unidades, para qualquer faixa etária. Mas ela não protege da coqueluche, disponível na rede pública apenas a crianças com menos de 7 anos.

Em adultos, a doença não é agressiva. Causa, em geral, surtos fortes de tosse. Mas, em bebês, é alto o risco de morte devido a um processo inflamatório pulmonar grave. A explicação é do infectologista Ricardo Luiz Fontes Moreira, do Centro de Referência de Imunobiológicos Especiais (Crie), da Prefeitura de BH.

Um aumento relevante do número de casos de coqueluche na Europa e nos Estados Unidos fez com que o Brasil ficasse prejudicado no recebimento das doses, neste ano. Por aqui, a procura também aumentou por causa de um aumento gradativo da incidência da doença.

No país, conforme o Ministério da Saúde, de 2011 para 2013, o número de casos de coqueluche quase dobrou, passando de 2.257 para 4.361. Em Minas Gerais, segundo a Secretaria de Estado de Saúde (SES), de 2011 até o fim de dezembro passado, houve aumento de 368% (de 82 para 384). O ministério pretende disponibilizar a vacina para gestantes, com o nome de DTPa, em 2014.

Forma de contato

Moreira afirma que um bebê pode contrair coqueluche da mãe por contato respiratório. E a vacinação da gestante faz com que ela produza e transmita anticorpos ao filho, ainda na gravidez, e, depois, pela amamentação. “Assim, o bebê fica protegido na primeira fase da vida, antes de ter a oportunidade de ser vacinado”, afirma. A vacina é indicada entre 28 e 32 semanas de gestação.

A responsável técnica pelo setor de vacinas do laboratório Hermes Pardini, Marilene Lucinda, acredita que a falta da vacina seja temporária, e que programou um novo lote do medicamento para este mês. Ela diz que a demanda pela vacina “aumentou 100%” de 2012 para 2013, principalmente por gestantes.

Informa ainda que uma opção à tríplice bacteriana adulta é a DTP com pólio, que também previne contra a poliomielite, mas é recomendada pelos médicos em casos muito específicos, e quando a grávida não pode esperar.

Foi o que fez a empresária Gabryelle Adriane Araújo Alves, de 26 anos. Grávida de 23 semanas do filho Miguel, ela não encontrou a tríplice indicada pelo médico, que se contentou com a segunda alternativa. “Me preocupo com as pessoas que não podem pagar e acabam prejudicadas”, comenta.

Essa vacina é encontrada por R$ 136 no Hospital São Camilo. Já a tríplice bacteriana adulta, quando chegar ao Hermes Pardini, custará R$ 133. 
 

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