Famílias entre o medo de ficar e a necessidade de sair

Sara Lira - Hoje em Dia
24/07/2014 às 07:49.
Atualizado em 18/11/2021 às 03:30
 (Ricardo Bastos/Hoje em Dia)

(Ricardo Bastos/Hoje em Dia)

As 186 famílias que residem nos condomínios Antares e Savana, próximos ao viaduto Batalha dos Guararapes, que desabou sobre a avenida Pedro I há três semanas vivem o dilema de terem que sair do local para demolição da outra alça condenada por peritos e o medo de permanecer no local. Apesar do risco de novo desabamento apontado por técnicos contratados pela empresa responsável pela obra, nessa quarta-feira (23) começou a ser feito apenas o cadastramento das famílias que serão realocadas.   A técnica de segurança do trabalho, Sabrina Dayrell, de 26 anos, que possui um apartamento no Antares, se mudou na última terça-feira com o marido e as filhas de oito meses e três anos para a casa da mãe, na região do bairro Planalto. Traumatizada com a queda do viaduto, ela teme que a tragédia se repita com a alça norte do viaduto. “Não quero ver isso de novo”, resume.   Sabrina conta que, no primeiro dia na casa da mãe, a rotina da família mudou completamente. “Antes eu levava minha filha para a escola à pé. Agora, tenho que pegar ônibus. Gasto dinheiro e mais tempo”, afirmou.   Segundo ela, como teve que dormir com o marido e a bebê na cama de casal, a criança não teve boa noite de sono, já que dormia em berço no apartamento do Antares. Já a filha mais velha, dormiu com a avó.   A autônoma Marlene Soares, 41 anos, também se mudou para a casa da mãe com o marido e dois filhos. Agora são nove pessoas em uma só casa.   Segundo ela, deixar o apartamento no Antares não foi fácil. “Meus filhos dormiram na cama de casal com minha irmã e meu sobrinho, eu em um sofá, minha mãe em outro e meu marido em um colchonete”, lamenta.   O tatuador Paulo Henrique Melo, 34 anos, teme abandonar o apartamento, já que trabalha no local e pode ter prejuízos financeiros. “Atendo os clientes em casa e, se sair, perco meu ponto”, disse.   De acordo com o coronel Alexandre Lucas Alves, coordenador da defesa Civil de BH, as famílias devem ser encaminhadas para hotéis da região, e os custos serão bancados pela Cowan. A empresa, no entanto, não confirmou a informação.   Nessa quarta-feira (23) pela manhã, cerca de dez moradores realizaram um protesto na avenida Pedro I. Após o ato, uma moradora do condomínio Antares teve uma crise nervosa. “Ela, assim como todos nós, estamos traumatizados com tudo isso”, disse a aposentada Marilda Siqueira Madeira, 61 anos, que amparou a vizinha. Ela lamenta ter que sair do apartamento que paga há dez anos. “Tenho minha rotina e não posso deixar meu apartamento a Deus dará”, reclama Marilda.

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