Família diz que motorista tentou salvar a filha durante queda de viaduto

Folhapress
04/07/2014 às 15:31.
Atualizado em 18/11/2021 às 03:15
 (Reprodução/Facebook)

(Reprodução/Facebook)

A família de Hanna Cristina Santos, 24, motorista do micro-ônibus atingido na queda de um viaduto em Belo Horizonte, afirmou nesta sexta-feira (4), que a jovem foi uma heroína e tentou salvar a filha durante o desabamento. Para os familiares, ela evitou que mais pessoas morressem no acidente.

A filha da motorista, Ana Clara, de cinco anos, estava no micro-ônibus, perto da mãe. Segundo Tereza Cristina Santos, também irmã de Hanna, no dia do acidente foi a sobrinha quem pediu para acompanhar a mãe no ônibus. "Ela é muito grudada com a Hanna", disse.

Ana Clara também se feriu. Ela está com a testa inchada, mas não sofreu lesões mais graves. A menina passou porexames durante a madrugada e teve alta do hospital na manhã desta sexta.

"Ela viu o viaduto caindo e freou o ônibus, jogando para o lado dela. Coisa de mãe, para salvar a filha. Se não fosse o reflexo dela, muita gente teria morrido", disse Tiago Carlos Santos, irmão de Hanna, durante o velório dela. A mulher dele, Débora Nunes, trabalha como cobradora no ônibus da família e também estava no veículo no momento do acidente.

"Minha mulher disse que deve a vida à Hanna", afirmou Tiago, que chamou a irmã de heroína. Débora foi ao velório em uma cadeira de rodas. Ela teve um corte profundo na cabeça e sofreu uma lesão grave no maxilar --e precisará ser operada. Muito abalada e machucada, ela não falou com a imprensa durante o velório de Hanna.

O pai de Hanna, José Antonio Santos, diz que não consegue acreditar que a filha está morta. "Alguns minutos antes, ela me ligou e pediu a bênção. A minha filha era muito doce, uma menina alegre. Ela amava a profissão e foi uma heroína. Ela teve o instinto maternal e agiu como uma profissional. Salvou muitas vidas", disse.

José Antonio diz que considera a neta como uma filha e que a criança deve ficar com os avós.  A mãe de Hanna, Analina Santos, estava revoltada. "Estão dizendo nos jornais que a construtora está prestando toda assistência. Não está nada, é mentira! Não tem ninguém dessa construtora aqui, ninguém nos procurou", contou ela,
entre lágrimas.

"Como é que um viaduto cai? Isso não é acidente, é falta de responsabilidade", completou José Antonio. Segundo Tiago, o micro-ônibus da família tinha 23 assentos, mas ele não sabe dizer quantos passageiros estavam no coletivo quando houve o acidente.

ACIDENTE

O viaduto desabou por volta das 15h e atingiu quatro veículos que passavam pela avenida Pedro 1º. Além de Hanna, o motorista de um carro que passava pelo local também morreu no acidente. Charlys Frederico Moreira do Nascimento, 25, estava sozinho no veículo.

A obra da prefeitura integrava uma das linhas do BRT (via rápida de ônibus) criadas para a Copa, e foi financiada pelo governo federal, por meio do PAC da Copa. Não se sabe ainda as causas do desabamento de boa parte da estrutura do viaduto. O prefeito Marcio Lacerda (PSB) afirmou que "certamente" houve um erro. "Não sabemos se é falha de projeto ou de construção. Serão feitas todas as perícias, um inquérito policial será aberto e essa análise será feita com cuidado", disse na quinta.

Procurada pela reportagem, a construtora Cowan, responsável pela obra, afirmou que "lamenta profundamente". "Neste momento, a prioridade é o apoio às vitimas e aos familiares. A empresa informa que já enviou ao local a equipe técnica para iniciar as investigações", disse em nota.  

A presidente Dilma Rousseff lamentou o ocorrido e disse, após o acidente, que "coloca à disposição da prefeitura e das autoridades de Belo Horizonte no que for necessário". "Neste momento de dor, presto minha solidariedade às famílias das vítimas", afirmou. 

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