Farmácia do SUS fica 5 quilômetros mais longe do paciente

Giselle Araujo - Hoje em Dia
02/11/2013 às 08:24.
Atualizado em 20/11/2021 às 13:51
 (Carlos Rhienck)

(Carlos Rhienck)

A Farmácia de Dispensa-ção de Medicamentos do Governo de Minas, onde são distribuídos remédios oferecidos pelo SUS, vai ficar mais distante do Centro e da região hospitalar de Belo Horizonte.
A unidade, que desde 2001 funciona na rua dos Otoni, 633, no Santa Efigênia, será transferida para a avenida do Contorno, 8.495, perto da avenida Raja Gabaglia. A data não foi definida.
Os pacientes que aproveitam o dia de consulta para buscar medicamentos ou para solicitá-los no prédio anexo à farmácia, na avenida Brasil, terão que abrir mão dessa comodidade.
Da região hospitalar até a nova sede são 5,2 quilômetros, atravessando cinco bairros – Funcionários, Savassi, Santo Antônio, Cidade Jardim e Gutierrez.
“Muita gente, como eu, vai ter que pegar dois ônibus”, lamenta a aposentada Maria Maciel, que mora no Coqueiros, Noroeste de BH.
 
Motivo

Pacientes e servidores especulam o que teria levado a Secretaria de Estado de Saúde (SES) a optar pela mudança.
“Quando o prédio estava caindo aos pedaços, ninguém queria. Agora, vão tirar a gente para colocar o pessoal da Cidade Administrativa, que quer ficar perto do Centro”, disse uma servidora.
A SES informou que “a estrutura reformada será utilizada por outros setores”, sem especificá-los. O posto de entrega de medicamentos obtidos por determinação judicial será mantido na rua dos Otoni.
A secretaria argumenta que a reforma no imóvel, iniciada em 2012, não permitiu a ampliação dos 2 mil atendimentos por dia.
Já a nova sede terá 62 guichês, contra os 23 atuais, agilizando a entrega e melhorando as condições de trabalho. A escolha do imóvel na avenida do Contorno se deu por “questões operacionais”, pois nem um prédio com “as características necessárias para se realizar um atendimento humanizado” teria sido localizado no Santa Efigênia.
O edifício tinha que ser de fácil acesso, ter espaço para almoxarifado e parte administrativa e permitir a ampliação do atendimento. Tanto o prédio na rua dos Otoni quanto o da Contorno são alugados. O valor pago não foi informado.
 
Resolver tudo em um lugar só fica no passado

 
Tanto funcionários quanto usuários acreditam que a mudança trará prejuízos, principalmente, às pessoas mais carentes.
“Mesmo se a pessoa vier de carro, vai ficar mais difícil. Eu, por exemplo, peguei o medicamento da minha mulher antes de ir para uma consulta aqui perto. Não perdi tempo ou dinheiro, nem tive que enfrentar trânsito. Não faz sentido essa farmácia ficar longe dos hospitais”, diz o aposentado Ari Quintino Felix, que vive no bairro Saudade, zona Leste da capital.
Moradora de Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, Kênia Alessandra Pereira acredita que a mudança implicará inclusive em riscos para alguns pacientes.
“Busco medicamento para crise convulsiva. Se passar mal por aqui, estarei perto dos hospitais. Mas, na nova farmácia, além de ter que pegar dois ônibus, precisarei levar alguém para me acompanhar”.

Viagens em dobro
 
Todos os dias, o motorista Gleison Medeiros, da Prefeitura de Rio Manso, traz até a capital 15 pessoas para se consultar ou buscar medicamentos.
“Vai ficar mais difícil para todo mundo e muito mais demorado. Quem pode, hoje, resolver tudo em um dia terá que voltar mais vezes – uma para consultar, outra para pegar remédio”, avalia.

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