Febre amarela antecipa vacinação de bebês e fecha parque em Belo Horizonte

Tatiana Lagôa
tlagoa@hojeemdia.com.br
23/02/2017 às 08:22.
Atualizado em 16/11/2021 às 00:40

Postos de saúde em Belo Horizonte começaram a vacinar bebês a partir dos 6 meses contra a febre amarela devido ao avanço da doença em Minas. A orientação da Organização Mundial de Saúde (OMS) é que isso ocorra apenas em casos de surtos por causa dos riscos de reações nas crianças e menor eficácia na imunização. Em tempos normais, a dose é aplicada a partir do nono mês de vida.

"O ideal é que os pais vacinem os bebês a partir de seis meses por causa da morte dos macacos na região. Começamos a imunizar menores de 9 meses em Belo Horizonte no último dia 10”, afirma a gerente de vigilância da Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte, Lúcia Paixão.

Leia mais
Prefeitura interdita Parque das Mangabeiras para evitar surto de febre amarela em BH
Febre amarela derruba estoque de sangue em Minas

A medida segue a orientação da Secretaria de Estado de Saúde de alterar o calendário dessa vacina em municípios com confirmação de humanos doentes e da morte de macacos infectados. Até o momento, 44 cidades mineiras têm casos de febre amarela confirmados, e 75 tiveram óbitos de macacos pela doença com diagnóstico fechado.

Com menor resposta imunológica, os bebês vacinados antes dos 9 meses devem reforçar a dose no nono mês e aos 4 anos, como já ocorre no calendário vacinal. “O sistema imunológico do bebê é imaturo. Por isso, aqueles que anteciparem a vacinação terão que receber três doses e não apenas duas, como em períodos normais”, afirma Lúcia. 

Controvérsia
Por mais necessária que seja, a vacinação de bebês mais novos não é unanimidade entre especialistas. Muito menos entre os pais. Para o infectologista Estevão Urbano, apesar de a vacina trazer o vírus vivo enfraquecido, o organismo das crianças já tem imunidade suficiente para resistir sem grandes complicações. “Claro que não é o ideal. Mas em momentos de riscos de surtos vale uma ação mais radical”, afirma.

Já o pediatra Cláudio Geraldo Ferreira Pinto não indica a vacinação. Pelo menos não em Belo Horizonte, onde não há casos de humanos com a doença. A capital teve apenas registros de macacos mortos, com confirmação de um para febre amarela.

“Uma criança muito pequena corre o risco de sofrer reações como prostração, náusea, mal-estar e até mesmo o extremo de ter um choque anafilático, com risco de morte”, diz. 

Cuidados
O choque ocorreria em alérgicos à proteína do ovo, uma vez que a vacina é produzida em ovos de galinha embrionados. Por isso, para evitar esse problema, os pediatras orientam que haja uma introdução do alimento na dieta do bebê antes da vacinação entre 6 e 8 meses. “Se a criança tiver reação alérgica, não pode ser vacinada”, afirma Cláudio Geraldo Ferreira Pinto.

Na dúvida entre o risco de vacinar e o de o filho contrair a doença, que também pode levar à morte, a cozinheira Elisângela Antunes Teixeira, vacinou ontem o pequeno Edson Antunes Moreira, de 7 meses. “Achei melhor para ficar tranquila, já que estamos com um surto”, afirma. 

A jornalista Aline Barbosa Rosa, que mora em Venda Nova, regional onde foi encontrado um macaco morto, ainda avalia se deve vacinar a filha Marina Barbosa Rosa Silvestre, de seis meses. “Não sei se tem alguma contraindicação. Tenho muitas dúvidas. Ainda não me decidi”, afirma.

Parque das Mangabeiras interditado
Na noite desta quarta-feira (22), a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) divulgou nota informando o fechamento por tempo indeterminado do Parque das Mangabeiras a partir desta quinta-feira (23). A decisão foi tomada porque o município afirmou que o local não pode receber visitantes por ser um provável foco de contágio da febre amarela.

Segundo a nota, a PBH irá acatar a recomendação emitida nesta quarta-feira (22) pela Gerência de Vigilância Sanitária da Secretaria Municipal de Saúde. O órgão teria informado que foram verificadas mortes atípicas de primatas no parque, “o que, em conjunto com outras ocorrências da mesma natureza na cidade, torna não recomendável o afluxo de milhares de pessoas ao local, tendo em vista que muitos visitantes podem não estar adequadamente vacinados contra a febre amarela”.
 

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por