Febre amarela derruba estoque de sangue em Minas

Tatiana Lagôa
tlagoa@hojeemdia.com.br
21/02/2017 às 21:24.
Atualizado em 16/11/2021 às 00:39

O surgimento da febre amarela em Minas Gerais, depois de oito anos sem nenhum caso no Estado, aumentou em 20% o número de transfusões de sangue nos hospitais. Com os estoques afetados, a Fundação Hemominas iniciou uma campanha para ampliar as doações ainda nesta semana que antecede o Carnaval. 

Das mais de 20 unidades espalhadas no Estado, algumas estão em situação crítica, como é o caso da região Leste, segundo a assessora da Gerência de Captação e Cadastro de Doadores da Fundação Hemominas, Viviane Guerra. “Nas áreas endêmicas, que têm surto de febre amarela, os bancos de sangue estão mais baixos”, afirma. 

Isso ocorre porque, nos casos mais graves da doença, há queda das plaquetas, com necessidade de reposição de sangue. Apesar de algumas áreas não apresentarem tantos casos da febre amarela, o surto afeta todas as unidades já que elas são integradas. Assim, o sangue doado em Belo Horizonte, por exemplo, poderá ajudar a salvar uma vida em outra região. 

Hora errada
Como durante os dias do Carnaval o número de doadores disponíveis reduz, devido à festa e ao feriado, o Hemominas faz um apelo para que a população doe sangue ainda nesta semana. Até porque, como se não bastasse o surto de febre amarela, esse já é um período em que tradicionalmente a demanda por sangue cresce. Segundo Viviane Guerra, a alta chega aos 30% por causa do maior número de acidentes motivados pelo grande fluxo de veículos nas rodovias e pelo consumo de bebidas alcoólicas.

O sangue mais necessitado é do tipo O negativo, que é o doador universal. “Nos casos mais urgentes, quando não há tempo de descobrir o tipo sanguíneo do paciente, os hospitais utilizam esse tipo”, diz. 

E o estoque de sangue O negativo está 5% abaixo do ideal. A base aconselhável é um estoque capaz de atender a demanda por três dias sem que hajam novas doações. Já o sangue AB negativo, que é o de maior frequência na população, está cerca de 4% abaixo do volume desejável. 

Orientações
Quem quiser doar sangue pode agendar um horário, o que agiliza o atendimento. Aqueles que optarem pelo horário da manhã não devem estar em jejum. Já os que forem ao Hemominas à tarde devem fazer um intervalo de três horas após o almoço. 

Viviane Guerra ressalta que quem tiver vacinado de febre amarela fica inapto para doação por 30 dias. Aqueles que pesam menos que 50 quilos, ou fizeram tatuagem nos últimos 12 meses ou ainda passaram por exame endoscópico há menos de seis meses também ficam impedidos, assim como os menores de 16 anos e os maiores de 69 anos. Os jovens com idade de 16 a 18 anos devem ter autorização dos pais para fazer a doação ou estar acompanhados de um responsável legal. 

Quem não tem disponibilidade para doar até sexta-feira, a fundação ficará aberta, em BH, no sábado, de 7h às 18h. Na segunda-feira, o horário será de 7h ao meio dia, e na quarta-feira, das 13h às 18h. Nas demais cidades, os horários podem ser diferentes, por isso, o ideal é se informar pelo telefone 155. 

Lembrando que quem tiver ingerido bebida alcoólica na folia não poderá doar. “É preciso estar com boa saúde para doar. Se a pessoa tiver um resfriado, por mais simples que pareça, deve esperar os sintomas desaparecerem”, orienta Viviane. 

Funed testará vísceras de humanos e de macacos mortos
A Fundação Ezequiel Dias (Funed) passou a fazer os testes de febre amarela em materiais genéticos humanos e de macacos. Até sexta-feira, o trabalho era feito pelo Instituto FioCruz, no Rio de Janeiro, e pelo Instituto Evandro Chagas, em Belém do Pará. 

“A gente repassava as vísceras e aguardava os resultados. Mas por causa do surto de febre amarela adquirimos os insumos e vamos fazer os testes”, afirma o analista de saúde do serviço de virologia riquetsiose da Funed, Marcos Vinicius Silva. 

O máximo que era feito na fundação era o exame de uma pequena parcela das vísceras de humanos supostamente contaminados por febre amarela. Mas o processo utilizado gastava, no mínimo, 30 dias para diagnóstico. Muito demorado para um caso de surto. Por isso, o maior volume era enviado para outros Estados. Com a nova técnica, serão dez dias de espera. “A ideia era dar agilidade ao processo. E não faltava muita coisa para que pudéssemos fazer o exame já que temos testes de dengue, zika e chikungunya”, diz Silva. 

Quem encontrar um macaco morto na rua ainda deve recorrer às zoonoses dos municípios. O profissional analisará as condições de coleta e envio do material para a Funed.

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