Festas juninas e férias escolares aumentam estatísticas de acidentes com queimaduras

Danilo Viegas
dviegas@hojeemdia.com.br
06/06/2016 às 18:36.
Atualizado em 16/11/2021 às 03:46
 (Flávio Tavares)

(Flávio Tavares)

Junho chegou e com ele o alerta para evitar acidentes graves com queimaduras. As festas juninas, com o uso de balões inflamáveis, fogueiras e caldos quentes, e as férias escolares das crianças, quando muitas delas soltam pipas, são fatores que podem contribuir para o crescimento de ocorrências neste mês. Dados da Unidade de Tratamentos de Queimados (UTQ) do Hospital de Pronto-Socorro (HPS) João XXIII, na capital mineira, mostram que pouco mais da metade dos casos de queimaduras atendidos são domésticos. 

O manuseio incorreto de líquidos quentes, como óleo e água, são os principais vilões, observa o cirurgião plástico Marcus Vinicius Mourão Mafra. O uso de álcool para aquecer alimentos em substituição ao gás, visando a economia do produto, também é um sério problema. “A quantidade de atendimentos de pessoas menos favorecidas é expressiva. Notamos que elas estão mais expostas a esses tipos de acidentes por diversos fatores, seja o tipo de habitação onde mora ou a ausência de uma formação educacional adequada”, comenta.

Já as crianças e adolescentes devem ter muito cuidado com a rede elétrica. Nesta época, por causa das férias escolares, são comuns os acidentes com pipas. O estudante Bruno Lohan, de 19 anos, faz parte dessa estatística. 

Internado no HPS, há dez dias ele tentou ajudar o irmão menor a tirar, com um pedaço de ferro, uma pipa presa nos fios. Bruno levou um choque elétrico e teve que amputar a mão direita. Agora, o jovem terá que fazer uma cirurgia de enxerto de pele nas costas. Não há previsão de alta. 

Perigo

O aposentado Francisco de Assis Soares, de 57 anos, acredita que foi o conhecimento que tem de primeiros socorros que o salvou. Festejando com amigos em um clube na região da Pampulha, há duas semanas, ele teve cerca de 20% do corpo ferido por queimaduras de segundo e terceiro graus ao manusear incorretamente o álcool em um aquecedor de alimentos. Seis pessoas tiveram lesões. “Assim que percebi o fogo, rolei pelo gramado”, relembra.

Após o filho de 12 anos sofrer queimaduras de terceiro grau, durante uma brincadeira com álcool, a cabeleireira Regiane Aparecida, de 37, redobrou a vigilância com o garoto. 

O menino e uns amigos colocaram o líquido inflamável em uma churrasqueira improvisada e acesa. “Ficou bem assustado, mas o quadro dele está melhorando. É traumático. Por ser criança é ainda mais doloroso”, diz.

Gastos

De acordo com o cirurgião Ilmeu Dias, o custo para cada paciente de queimadura gira em torno de R$ 2 mil por dia. A vítima chega a ficar internada, em média, por dois meses. Na planilha estão incluídos a infraestrutura e o atendimento de médicos, pediatras, fisioterapeutas e psicólogos.

HPS oferece 35 leitos para o setor de queimados.

  

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