Fim da linha para bando do crime do ‘sapatinho’; quadrilha era a maior do país

Bruno Inácio
binacio@hojeemdia.com.br
14/08/2018 às 20:43.
Atualizado em 10/11/2021 às 01:55
 (Lucas Prates)

(Lucas Prates)

Municípios com menor efetivo policial e agências bancárias sem forte aparato de segurança, como portas com detector de metal. Eram essas as características priorizadas por uma quadrilha ao escolher cidades mineiras para sequestrar gerentes e roubar as instituições financeiras, na modalidade conhecida como “sapatinho”.

De janeiro até agora, pelo menos nove das 14 ocorrências registradas no Estado são atribuídas ao bando desarticulado pela Polícia Civil. Os prejuízos aos estabelecimentos podem chegar a R$ 3 milhões. A corporação afirma que esse é o maior grupo em atuação nesses crimes no país. 

De acordo com as investigações, os suspeitos eram comandados por dois primos, de 41 e 46 anos, de dentro da cadeia. A dupla está detida nas penitenciárias Nelson Hungria, em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, e Francisco Sá, no Norte de Minas.

Ontem, 11 supostos integrantes do bando foram apresentados pelos policiais. Com as prisões, Pedro Leopoldo, na Grande BH, pode ter sido poupada de um ataque. As apurações indicam que a cidade, além de Capim Branco e Jeceaba, na região Central, já eram monitoradas pelos bandidos.

Rotina vigiada

A vigilância era feita por comparsas recrutados pela quadrilha. As informações eram repassadas por mensagens em aplicativos no celular. “Dos presídios, os chefes iam combinando onde seriam os próximos sequestros. Semanas antes do crime, eles costumam ter alguém informando sobre o gerente, a rotina dos familiares dele e da própria agência”, explicou o delegado Ramon Sandoli, do Departamento Estadual de Operações Especiais (Deoesp).

Etapas

Em um próximo passo, os bandidos partiam para o ataque, sequestrando os parentes do bancário. As vítimas eram levadas para cativeiro enquanto o funcionário da instituição financeira era mantido refém em casa.

Um dia após o rapto, o gerente era obrigado a ir até o banco e sacar o dinheiro do cofre. “Às vezes, os suspeitos prendiam simulacros de bombas no corpo dele para desestabilizá-lo psicologicamente. Os familiares só eram libertados quando a quadrilha conseguia fugir”, contou o inspetor Marcos Matos.

O grupo era investigado desde o início do ano. As detenções começaram em 4 de junho, após sequestro em Papagaios, na região Central do Estado. Dentre os presos estava um adolescente de 16 anos, filho de um dos líderes da gangue. Um suspeito morreu em confronto com a polícia.

Na cela

Em varredura da Polícia Civil na cela do chefe do bando, preso em Francisco de Sá, foram encontrados celulares e chips telefônicos. Em nota, a Secretaria de Estado de Administração Prisional (Seap) afirmou que inspeções são rotineiras nas 199 penitenciárias mineiras. Um procedimento para investigar como os telefones entraram no local foi aberto. Os responsáveis sofrerão sanções administrativas.

A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) informou investir, por ano, cerca de R$ 9 bilhões na segurança das agências. Além disso, trabalha em conjunto com as forças de segurança para coibir esse tipo de crime. Já a PM garantiu ter reforçado o policiamento em cidades do interior nos últimos anos, com a nomeação de novos soldados. A corporação disse atuar em parceria com a Polícia Civil.

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