Todos os dias, mais de 50 estabelecimentos de Belo Horizonte são visitados pelos comissários da Vara da Infância e da Juventude, quantidade que triplica no fim de semana. O número parece refletir um cenário positivo, mas esconde uma deficiência.

A capital tem 9.937 locais passíveis de fiscalização cadastrados, sem contar aqueles que são alvos de denúncias, em torno de três por dia. Para identificar todas as irregularidades, a vara conta apenas com nove equipes de comissários – cada uma responsável, em média, por mais de 1.100 estabelecimentos.

“Temos que aumentar o contingente. Do jeito que está, não dá para continuar. Além do déficit de equipes, sofremos com a falta de carros. Sem condução, não conseguimos trabalhar”, revela a coordenadora do Comissariado da Infância e da Juventude de Belo Horizonte, Ângela Maria Xavier Muniz. Todas as fiscalizações são feitas com duas Kombis.

Já foi feito um pedido de reforço de profissionais voluntários, já que a capital pode ter até 547 (com base no número de habitantes), mas atua com 280, além dos 50 efetivos. Mais equipes devem estar nas ruas a partir do mês que vem, mas o problema dos veículos ainda não foi resolvido. “Nunca tivemos tantos eventos para fiscalizar, e nossa estrutura não acompanhou esse crescimento da demanda”, afirma Ângela.

De acordo com o comissariado, o volume de casos se deve ao aumento das festas voltadas a adolescentes. Os bares e boates, antigos vilões nesse tema, já perdem para os eventos organizados especificamente para esse público. Apenas no último fim de semana, as equipes do comissariado autuaram cinco locais onde adolescentes estavam fazendo uso de bebida alcoólica, sendo que três deles eram eventos agendados que não ocorriam em estabelecimentos comerciais. A multa para o infrator varia entre três a 20 salários mínimos.

Bebedeira

Um dos locais visitados pelos comissários no último domingo foi um quarteirão ao lado da Praça da Estação, no Centro, onde era realizada uma festa eletrônica para adolescentes, divulgada na internet. A reportagem do Hoje em Dia esteve no local e constatou a presença de várias irregularidades. Menores faziam uso de bebida alcoólica e consumiam drogas à vontade, mesmo com a presença de guardas municipais e policiais militares.

Um garoto que estava em coma alcoólico foi socorrido e levado para um posto médico pelos comissários, mas o responsável da festa não foi encontrado. No fim do evento, muitos adolescentes, completamente bêbados, eram vistos passando mal pelos cantos. “Não conseguimos pôr fim a esse tipo de situação sozinhos. Contamos com a conscientização dos pais e dos próprios adolescentes”, alega Ângela.

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