Fisiculturista que morreu em boate de BH não bebeu nem usou drogas, aponta laudo

Renata Evamgelista
rsouza@hojeemdia.com.br
29/09/2017 às 11:32.
Atualizado em 15/11/2021 às 10:47
Fisiculturista Allan Guimarães Pontelo morreu dentro de boate em setembro de 2017 (Reprodução/Facebook)

Fisiculturista Allan Guimarães Pontelo morreu dentro de boate em setembro de 2017 (Reprodução/Facebook)

O fisiculturista Allan Guimarães Pontelo, de 25 anos, não fez uso de drogas nem álcool no dia em que morreu dentro da boate Hangar 677, em Belo Horizonte. As constatações estão nos laudos toxicológico e de alcoolemia realizados no corpo do estudante de educação física.

Os resultados saíram nesta semana e, segundo a Polícia Civil, deram negativo para o consumo de substâncias ilícitas. Apesar disso, a CY Security, responsável por fornecer os funcionários que atuaram na segurança da casa de show, continua alegando que o universitário tinha envolvimento com o tráfico de drogas.

O advogado Ércio Quaresma, que representa a empresa, informou que na tarde desta sexta-feira (29) entregou ao delegado Magno Machado, responsável pela caso, um documento que comprovaria que Pontelo estava sendo investigado pela Departamento Estadual de Combate ao Narcotráfico (DENARC).

Procurado pela reportagem, o delegado não comentou o assunto para "não atrapalhar as investigações". Por meio da assessoria de imprensa, ele limitou-se a dizer que aguarda outros exames, como o de necropsia, para concluir o inquérito. A expectativa é que o caso seja esclarecido nos próximos dias. 

Até a publicação desta matéria, a Hangar não havia se manifestado sobre os laudos.

Ficha limpa

Os resultados periciais trouxeram alívio para familiares de Pontelo, que sempre garantiram que o estudante não tinha envolvimento com substâncias ilícitas. "Já sabia do resultado desde o início. Era só questão de tempo para a verdade aparecer. Mataram o meu filho e ainda tentaram sujar o nome dele, como se ele fosse um drogado de rua", desabafou emocionado o pai do jovem, Dênio Luiz Pontelo.

Ele declarou que só quer Justiça e que os culpados sejam condenados. "A Justiça de Deus não falha e espero que a dos homens também não", finalizou. O coro foi endossado pela namorada do fisiculturista, Marcella Paiva, de 20 anos. "O laudo não foi surpresa. Já sabíamos que tratou-se de homicídio, que realmente foi um assassinato".

Versões

Aos 25 anos, Allan morreu sob circunstâncias ainda nebulosas. A versão dos seguranças da boate é de que o rapaz foi flagrado usando drogas no banheiro do estabelecimento, localizado no bairro Olhos d'Água, região do Barreiro. Ao tentar fugir do local, saltando as grades de contenção, o fisiculturista já teria caído desacordado.

Já a família de Allan garante que ele foi espancado pelos seguranças. “Ele sofreu traumatismo craniano. Foi preciso fazer um enxerto no crânio para colocá-lo no caixão. Ele teve o nariz e dentes quebrados, ficou com o rosto deformado. Ninguém o reconheceu durante o velório”, afirma a fotógrafa Marcella Paiva, namorada de Allan.

No Boletim de Ocorrência registrado pela Polícia Militar no dia da morte, consta que o corpo apresentava escoriações, manchas de sangue nos pés e na boca, além das roupas rasgadas.

Posição da boate

Em nota enviada à imprensa na época da morte de Allan, a boate Hangar 677 afirmou que os seguranças foram alertados que um jovem estaria fazendo uso de drogas no banheiro do local, mas tentou fugir após ser abordado. Segundo a Hangar, Allan foi conduzido para fora do evento, quando desmaiou. 

“Ele foi imediatamente socorrido e conduzido ao Posto Médico de plantão, que conta, inclusive, com UTI Móvel, sendo atendido pelo Dr. Pedro Henrique. Todos os esforços médicos possíveis foram utilizados no sentido de reanimá-lo. O Samu também foi acionado e chegou ao local com duas unidades. Infelizmente, a equipe de atendimento também tentou, sem sucesso”, diz a nota. 

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