Flagrado recebendo propina, presidente do Sinttro de Governador Valadares tem bens bloqueados

Da Redação
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29/07/2016 às 17:50.
Atualizado em 15/11/2021 às 20:03
 (Reprodução)

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O presidente do Sindicato dos Trabalhadores de Transportes Rodoviários de Governador Valadares (Sinttro-GV), Jorge Ferreira Lopes, teve emitido o sequestro de bens e o bloqueio de suas contas pedido pelo Ministério Público de Minas Gerais nesta sexta-feira (29). ele foi denunciado pelo MP no dia 8 de julho após ser flagrado recebendo propina para incitar greves e manipular o processo de aumento de preços de passagens na cidade de Governador Valadares, no Leste de Minas.

Ele é acusado ainda de lavagem de dinheiro, estelionato e associação criminosa, como reflexo das investigações da Operação Mar de Lama, que analisa o desvio de dinheiro destinado a medidas emergenciais após chuvas fortes ocorridas na cidade, em 2013.

Conforme o promotor de Justiça Evandro Ventura, o denunciado constituiu, por meio de atividades ilícitas, um extenso patrimônio absolutamente incompatível com a renda lícita que possui, de cerca de R$ 3.700 mensais. Além disso, utilizou deste patrimônio para o exercício de atividades lícitas, que tinha por objetivo a dissimulação da renda ilegal que auferia.

“A fazenda do denunciado (avaliada em R$2 milhões, conforme testemunha) é objeto de constantes lavagens de dinheiro. Nela, ele dissimula a origem, a movimentação e a propriedade de bens adquiridos com recursos ilícitos, dando-lhes aparência de licitude”, ressalta a denúncia.

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De acordo com Evandro Ventura, a aquisição de cavalos de raça premiados - inclusive com a ostentação de medalhas na fazenda - demonstra que o denunciado dissimilou sua atividade criminosa, convertendo os valores indevidos em ativos lícitos, com o claro objetivo de ‘lavar’ a renda ilegal que auferia com os crimes cometidos. “O objetivo do denunciado com essas atividades era exatamente maquiar a origem ilegal de sua evolução patrimonial, com o objetivo de, a partir de então, utilizar de forma livre os valores que indevidamente recebeu”.

O juiz Daniel Teodoro Mattos da Silva decretou o bloqueio de valores acima de R$ 5 mil existentes em aplicações financeiras, bem como oficiou os cartórios de registros de imóveis, determinando o sequestro e o impedimento de eventual venda de bens imóveis existentes no nome do denunciado. Segundo o juiz, “não há outra medida adequada para viabilizar futuro e eventual ressarcimento ao erário”.

Operação

A investigação "Mar de Lama" começou em 2013 e, desde então, dezenas de servidores foram afastados das funções, sendo que 13 deles são vereadores. Segundo a PF, um grupo foi instalado no Executivo do município e no Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) da cidade, composto por agentes públicos do alto escalão da administração pública municipal e financiado por empresários contratantes com o serviço público.

O nome da operação se refere aos alagamentos causados pelas chuvas torrenciais que atingiram a cidade de Governador Valadares e causaram grande destruição ao município, no terceiro trimestre de 2013. Os desvios teriam ocorrido, então, nas obras para recuperar a cidade dos impactos das chuvas.

As investigações começaram em 2013 quando o Ministério da Integração Nacional repassou R$ 4,5 milhões à cidade para ajudar a recuperar vias e canais destruídos pela chuva.

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