'Foi apavorante', diz moradora de Barra Longa após novo susto

Gabriela Sales - Hoje em Dia
27/01/2016 às 22:38.
Atualizado em 16/11/2021 às 01:12
 (Luiz Costa/Hoje em Dia)

(Luiz Costa/Hoje em Dia)

MARIANA – Parte da lama remanescente da barragem de Fundão, que cedeu em novembro, causando mortes e um rastro de destruição, vazou nessa quarta (27). O coordenador de Defesa Civil de Mariana, Welbert Stopa, garantiu que o descolamento do rejeito não traz risco de mais danos para a população. No entanto, a divulgação do novo rompimento por rádios locais assustou moradores próximos à mineradora.

A Samarco informou que “o alerta foi dado indevidamente e que as defesas civis de Mariana e Barra Longa foram comunicadas do equívoco”. Porém, com medo de que a lama invadisse novamente comércios e residências, moradores de Barra Longa, cidade afetada em novembro, foram para as ruas em busca de informações. “Ligamos para Defesa Civil de Mariana e para a Samarco, pois percebemos que o volume do rio (que corta Barra Longa) havia subido. Foi apavorante”, diz a balconista Rafaela Siqueira Mol, de 25 anos.

Segundo os moradores, a cidade ficou em situação de alerta. “Fiquei com muito medo de a lama invadir minha casa novamente”, conta a comerciante Maria do Socorro Lisboa, de 51. A residência dela teve o primeiro andar tomado em novembro. O salão de beleza que ela tem há 32 anos foi destruído pelo rejeito de minério.

Logo após a notícia se espalhar por Barra Longa, muitos moradores foram para porta do escritório da Samarco na tentativa de se informar se havia risco de nova inundação. “Graças a Deus, a lama ficou dentro da empresa”, disse o comerciante Antônio Luiz Gonçalves, de 57 anos.

ALERTA AMARELO

Segundo a Coordenadoria Estadual de Defesa Civil de Minas Gerais (Cedec), a movimentação do rejeito ocorreu por volta do meio-dia. “O material não chegou a sair da área industrial da mineradora. Atingiu apenas parte da barragem de Santarém, que fica logo abaixo da estrutura rompida”, disse o tenente Leonardo Farah, do Corpo de Bombeiros. O alerta amarelo foi acionado no município e funcionários da empresa tiveram que sair do local.

A Samarco informou que houve movimentação de parte da massa residual devido às chuvas das últimas semanas. “De forma preventiva e seguindo seu plano de emergência, os empregados que atuam próximo à área afetada foram orientados a deixar o local”, comunicou a mineradora por meio de nota. Foram removidos 450 funcionários.

Ainda segundo a empresa, não houve necessidade de acionamento de sirene. “Ressaltamos que o volume deslocado permanece entre as barragens de Fundão e Santarém, dentro das áreas da Samarco”. A mineradora garante que as estruturas das represas de Germano e Santarém permanecem estáveis e em constante monitoramento.

INVESTIGAÇÃO

Técnicos da Defesa Civil de Mariana e de Barra Longa foram ao local para analisar a situação. O promotor do Ministério Público Carlos Eduardo Ferreira Pinto informou, por meio da assessoria do órgão, que solicitou à Coordenadoria de Meio Ambiente que enviasse um técnico para checar o que de fato ocorreu.

Uma equipe do Núcleo de Emergências Ambientais (NEA), da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), também apura as causas.

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