Folião vira visitante indesejado em cidades com tradição no carnaval

Gabriela Sales - Hoje em Dia
27/01/2015 às 08:30.
Atualizado em 18/11/2021 às 05:48
 (André Brant/Hoje em Dia)

(André Brant/Hoje em Dia)

Sempre muito bem-vindo no Carnaval, por impulsionar o comércio e fazer a alegria da rede hoteleira, o folião virou figura indesejada nesse período de escassez hídrica. No Centro-Oeste mineiro, 13 municípios que tradicionalmente investem na festa do Momo resolveram cancelar o evento para evitar o aumento no consumo de água. Parte dessas cidades já enfrenta racionamento ou rodízio.

Dentre os municípios com festas concorridas, mas banidas em 2015, estão Oliveira e Cláudio, que, juntas, reuniram cerca de 40 mil pessoas no ano passado.

O temor é o de que água termine antes mesmo da folia. “O número de visitantes chega a dobrar a população local, o que eleva o gasto para consumo residencial e na limpeza das cidades”, explica o diretor da Associação dos Municípios da Microrregião do Vale do Itapecerica (Amiv), Cláudio Gonçalves Coelho, prefeito de Pedra do Indaiá.

Em Oliveira, o prefeito João Batista de Sousa teme o comprometimento desse serviço essencial. No ano passado, o município suspendeu as aulas por causa da escassez de água no rio Pontilhão de Areia e córrego dos Bois. “O volume gasto no Carnaval acabou fazendo falta depois, já que não choveu na região”, disse Sousa.

A cidade, de 40 mil habitantes, chega a receber 20 mil visitantes nos cinco dias do feriado prolongado. Oliveira já adotou o esquema de rodízio. Os bairros recebem água em dias e horários alternados.

Temendo a migração de foliões de municípios que cancelaram a folia, a Prefeitura de Itapecerica também decidiu deixar o Carnaval para depois, temendo um colapso no abastecimento. Desde o início do ano, Itapecerica recebe o reforço de água de Pedra do Indaiá, a 30 km.

Em Carmópolis de Minas também não haverá festejos. Segundo a prefeitura, moradores já enfrentam esquema de rodízio. O cancelamento visa impedir a superpopulação.

De acordo com a Amiv, outros municípios da região Centro-Oeste têm adotado uma estratégia diferente para evitar o excesso de turistas: a da discrição. “Quem opta por manter a festa não está divulgando”, diz o diretor da Amiv, Cláudio Coelho.

Sabará cancela tradicional Chuveirão, e Ouro Preto mantém rodízio no abastecimento

No intuito de evitar o desperdício e conscientizar a população, um dos pontos altos do Carnaval de Sabará, o Chuveirão, não acontecerá em 2015. Segundo a assessoria de imprensa da prefeitura, com o cenário de escassez de água, a prioridade é evitar o desperdício e, por isso, resolveu retirar o evento da programação.

No Chuveirão, que aconteceu ininterruptamente nos últimos 20 anos na praça Santa Rita, no centro histórico, os foliões são refrescados por um jato d’água, a partir de uma mangueira de incêndio instalada em um hidrante. São gastos, em média, 10 mil litros. O restante da programação do Carnaval foi mantido.

PELA METADE

Há uma semana, moradores de Ouro Preto, região Central, convivem com rodízio no abastecimento. A medida foi tomada, segundo o Serviço Municipal de Água e Esgoto (Samae), para economizar água.

Atualmente, as estações de abastecimento – Itacolomi e Jardim Botânico – estão operando com 50% da capacidade. Ainda de acordo com o Samae, o rodízio tem por objetivo garantir o fornecimento de água para os moradores, inclusive no Carnaval.

O esquema deverá acontecer também durante a folia. Nos cinco dias de festa, a cidade tem a expectativa de receber 75 mil pessoas, mais que o dobro da população.

Em período normal, o serviço de distribuição de água é responsável por atender a 50 mil pessoas.
 

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