​Funcionários da Vale detidos: veja o papel de cada um na tragédia em Brumadinho

Juliana Baeta
15/02/2019 às 19:18.
Atualizado em 05/09/2021 às 16:34
 (Mariana Durães )

(Mariana Durães )

​Segundo o Ministério Público de Minas Gerais, os oito funcionários da Vale presos nesta sexta-feira (15) tinham pleno conhecimento da barragem da Mina de Córrego de Feijão que se rompeu em Brumadinho, e tinham também o dever de adotar as medidas necessárias para estabilizar a estrutura e evacuar a área de risco. 

O documento assinado pelo juiz Rodrigo Heleno Chaves, da 2ª Vara da Comarca de Brumadinho​, ainda enfatiza que se o Plano de Ação de Emergência para Barragens (PAEBM)​ tivesse sido acionado pelos responsáveis, provavelmente, muitas vidas teriam sido salvas. 

Veja ​abaixo quem são os detidos:

Gerente executivo

Joaquim Pedro de Toledo é gerente-executivo de zootecnia operacional da Vale. Com posição de destaque na empresa, era ele quem gerenciava a equipe responsável pelo monitoramento e manutenção da barragem que se rompeu. Qualquer anomalia na estrutura era comunicada a ele por seus subordinados para que tomasse as devidas providências. Ele é mencionado por vários dos outros investigados e também por alguns dos funcionários ouvidos pelo MPMG. 

Responsável pelo monitoramento

​Renzo Albieri Guimarães Carvalho integrava a gerência de geotecnia chefiada por Toledo (ver acima), sendo um dos responsáveis pelo monitoramento, manutenção e gestão da barragem​. Era ele que tinha a obrigação de repassar a Toledo as informações mais relevantes sobre a barragem, inclusive, a situação sobre o seu estado crítico de segurança. 

Monitoramento in loco

Cristina Heloiza da Silva Malheiros é outra integrante da equipe de geotecnia de Toledo, sendo uma das responsáveis pelo monitoramento in loco e manutenção da barragem. Ela tinha ciência da situação de instabilidade da estrutura e é mencionada em vários depoimentos. 

Mediação entre Vale e ​​Tüv Süd

​Outro integrante da equipe de geo​tecnia chefiada por Toledo, Artur Bastos Ribeiro é outro responsáveis pelo monitoramento e manutenção da barragem. Ele participou ativamente das conversas mantida entre os funcionários da Vale e os da empresa alemã Tüv Süd​, ​contratada pela Vale para atestar a segurança da barragem. ​As conversas aconteceram ​​​nos dias 23 e 24 de janeiro, na véspera do rompimento da estrutura ocorrido no dia 25. Nas tratativas foram explicitadas a situação de anormalidade das medições realizadas pelos piezômetros (aparelho que medem a pressão da água) na barragem. 

Controle de revisões e auditoria nas barragens

O gerente-executivo de geotecnia corporativa da Vale, Alexandre de Paula Campanha, era o responsável pela regularidade formal das estruturas a partir do controle de revisões periódicas e auditorias técnicas de segurança. Foi mencionado como o responsável por pressionar a assinatura da declaração de estabilidade da barragem. 

Riscos geométricos 

Integrante do setor de gestão de riscos geométricos, unidade que detém informações sensíveis sobre metodologia e resultados das barragens, Marilene Christina Oliveira Lopes de Assis Araújo, participava do gerenciamento de dados que denotaram a situação crítica da barragem. Também é apontada como uma das interlocutoras com a empresa ​Tüv Süd​ em maio de 2018. 

Gestão de riscos 

Integrante do setor de gestão de riscos geotécnicos, Hélio Márcio Lopes da Cerqueira também atuava no gerenciamento de dados que denotaram a situação crítica da barragem e participou ativamente da conversa com os funcionários da ​Tüv Süd nos dias 23 e 24 de janeiro. tratando sobre a situação de anormalidade das medições realizadas pelos piezômetros da barragem. 

Coordenador que sabia da "possibilidade da barragem não passar"

Outro integrante do setor de gestão de riscos geotécnicos, Felipe Figueiredo Rocha foi expressamente mencionado pelos funcionários da  ​Tüv Süd​  na troca de e-mails ocorrida em maio de 2018, em que ele soube da "possibilidade da barragem 1 não passar". 

 Procurados pela reportagem na chegada ao Departamento Estadual de Investigação de Crimes contra o Meio Ambliente (DEMA), os detidos e seus advogados não quiseram apresentar sua versão dos fatos. Por meio de nota, a Vale informou que "permanecerá contribuindo com as investigações para a apuração dos fatos, juntamente com o apoio incondicional às famílias atingidas".

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por