Garotinha de 8 anos emociona professora com bilhetinho de solidariedade

Juliana Baeta
03/04/2019 às 17:57.
Atualizado em 05/09/2021 às 18:05
 (Reprodução/ Facebook )

(Reprodução/ Facebook )

Na última sexta-feira (29), um bilhetinho escrito pela pequena Anita, de 8 anos, aluna do quarto ano do Ensino Fundamental em uma escola estadual de Cruzília, do Sul de Minas, emocionou a professora Taciana Ferreira, que acabou postando a mensagem em seu Facebook. "Tia, 3 reais são meus e os outros 3 para alguma criança que não tiver dinheiro para pagar", escreveu a pequena. 

É que em datas comemorativas, a escola Dona Leonina Nunes Maciel costuma fazer campanhas de arrecadação para presentear as crianças. Para celebrar a Páscoa, a mãe de uma funcionária da instituição produziu os ovos de chocolate a um valor praticamente simbólico. Assim, com o dinheiro arrecadado na vaquinha, os chocolates são pagos e cada criança recebe um ovinho de Páscoa. 

Mas preocupada com algum coleguinha que não teria dinheiro para contribuir, Anita fez a sua contribuição e também doou o mesmo valor para alguém que não pudesse pagar. Rapidamente, o bilhetinho que entregou discretamente à professora antes de dizer "tia, lê!" e sair de perto, envergonhada, viralizou nas redes sociais. A postagem de Taciana chegou a quase 150 mil curtidas e 92 mil compartilhamentos nesta quarta-feira (3). 

"Por ser uma escola pública, temos alunos de várias classes sociais. Quando os pais não podem contribuir, nós tiramos do próprio bolso e completamos a vaquinha pra ninguém ficar sem ovinho de Páscoa", conta a professora, que ao receber a mensagem de Anita, chegou a ficar sem reação. "Foi uma emoção enorme. A única coisa que eu consegui fazer foi dar um beijo nela e dizer: que Deus te dê em dobro". 

No início, a menina tímida e reservada ficou assustada com a repercussão. A mãe dela, a auxiliar administrativa Ana Paula Alvarenga, de 35 anos, conta que ao receber o comunicado da escola sobre a contribuição para as lembrancinhas de Páscoa, a pequena quis ajudar.

"Eu converso muito com os meus filhos sobre essas coisas, sobre ajudar outras pessoas. Neste dia, eu falei com ela sobre como devia ser triste para uma criança que os pais não poderiam contribuir. Aí ela quis ajudar, dar a contribuição para alguém quem não tem, mas tinha muita vergonha de falar isso com a professora perto dos alunos. Por isso, ela foi lá e fez o bilhetinho do jeito dela, e embrulhou o dinheiro junto", lembra.

Anita demorou para se acostumar com a ideia de "ser conhecida". "Ela falou pra mim, assustada: 'mãe, era um bilhete só pra tia ler e agora todo mundo sabe'. É que a Anita é uma criança muito tímida, morre de vergonha, foi justamente por isso que ela escreveu o bilhete ao invés de falar com a professora. Mas, conversando com ela, eu consegui mostrar que essa exposição poderia ser uma coisa boa, dizendo pra ela imaginar se cada pessoa que se emocionou, que curtiu a postagem, que compartilhou, fizer um gesto como aquele, quantas pessoas no mundo não vão ser ajudadas?", conta Ana Paula, que explica, ainda, que gostaria que a atitude da criança de 8 anos influenciasse gestos semelhantes nos adultos, criando assim, uma corrente do bem. Arquivo pessoalAnita

Empatia 

Segundo a mãe, a solidariedade que Anita manifesta é algo que ela e o irmão de 14 anos aprenderam desde cedo. "Ela gosta de ajudar, está sempre juntando suas roupas e brinquedos para doar. Até animais que ela vê na rua ela tenta ajudar, fica me perguntando: 'será que ele tem comida mãe?'. Fica morrendo de dó dos bichinhos na rua".

Não por acaso, a casa da família é cheia de cachorrinhos de estimação. O sonho da pequena é ser veterinária quando crescer. Por isso, apesar de ter ficado extremamente orgulhosa com o gesto da filha, Ana Paula não ficou muito surpresa. 

"Ela sempre foi assim, caridosa, desde pequena. Com isso, a gente vê que a sementinha que foi plantada está germinando. É algo que eu aprendi com meu pai e minha mãe também. Muitos pais acham que o melhor para o filho é dar uma escola boa, roupas caras, computador. Mas aqui em casa a gente acredita que passar estes valores é mais importante, pois ajudam a formar cidadãos menos egoístas e seres humanos melhores", conclui. 

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