Gilberto Castro, interino da Belotur, destaca organização para a maior folia de todos os tempos

Lucas Eduardo Soares
22/02/2019 às 22:00.
Atualizado em 05/09/2021 às 16:41
 (Riva Moreira)

(Riva Moreira)

Belo Horizonte já está vivendo o que a prefeitura aposta ser o maior Carnaval de todos os tempos. Com a expectativa de receber 4,6 milhões de foliões em 2019, um público recorde, a Belotur, responsável pelo evento, já põe em prática os planos para a folia. Em entrevista ao Hoje em Dia, o presidente interino do órgão, Gilberto Castro, dá um panorama sobre o que as pessoas irão curtir na festa de Momo, além de pontuar como funcionarão os serviços públicos para atender aos carnavalescos.

Neste ano, mais de 60% dos blocos de rua irão desfilar fora da região central da capital. Que estrutura está sendo montada?

Não há diferença. Independentemente da regional, eles têm apoio de mobilidade, segurança, entre outras necessidades para que a festa seja realizada. O que muda é qual batalhão da PM (Polícia Militar) vai atender aquele lugar, por exemplo. Além disso, duas unidades do Posto Médico Avançado (PMA) vão rodar essas regionais em carretas. Acreditamos muito na necessidade de levar os blocos para todos os cantos da cidade.

Mesmo com previsão de 20% de foliões a mais, em relação a 2018, o número de banheiros químicos passou de 14 mil para 15 mil. A quantidade atende à demanda?

Existe uma expectativa de ter banheiro em todas as ruas onde haverá a festa, principalmente em locais de grandes aglomerações. Obviamente, não existe em Minas a quantidade de banheiros químicos suficiente. Mas, a forma como estamos fazendo a operacionalização desse serviço se destaca. O número de banheiros fixos está sendo aumentado, pois os químicos demandam muita logística. Às vezes, a entrega deles atrasa e gera impactos. Para amenizar, os banheiros estão sendo entregues já durante a madrugada. Em 2018, foram poucos os casos, mas teve bloco que não recebeu a tempo. Estamos confiantes na capacidade de melhorar essa logística.

“Estamos promovendo campanhas para que todos cuidem de BH. Não adianta entender que essa obrigação é só do poder público”

Urinar na rua é uma das principais reclamações de moradores e lojistas. O que será feito com quem for flagrado nesse ato?

Estamos promovendo campanhas no intuito de fazer com que todos cuidem da cidade. Não adianta entender que essa obrigação é só do poder público. Mas, se algum agente de segurança perceber alguém urinando na frente de um prédio ou, talvez, praticando algum ato obsceno, essa pessoa estará sujeita a punições conforme a lei.

Outro número que permanece o mesmo é o de agentes de segurança empenhados na festa. São 8,5 mil da PM e 2 mil da Guarda Municipal. Por que não houve incremento, mesmo com aumento expressivo de pessoas?

É importante ressaltar que todos os órgãos de segurança estão trabalhando em potência máxima, tanto que ninguém tira férias nesse período. A ideia é ter 100% do efetivo na rua. Existe uma integração muito sólida entre as forças policiais, principalmente PM e Guarda Municipal, para que não haver “desperdício” de efetivo em alguns locais. Vale lembrar que BH é a única grande cidade onde o Carnaval cresce e mantém os índices de violência cada vez menores. Acredito que vem sendo feito um excelente trabalho.

Uma das medidas tomadas para facilitar a mobilidade na capital é a criação de espaços fechados para o tráfego de carros e ônibus, os chamados “bolsões”, no Centro da capital. É capaz de assegurar a mobilidade?

É impossível não ter nenhum impacto, mas trabalhamos para minimizar ao máximo. Neste ano, os bolsões serão os mesmos durante toda a festa para que a pessoa saiba que um determinado ponto foi desativado, independente do dia. Vale lembrar que colocamos o “Foliônibus” de maneira gratuita, que transita pela avenida do Contorno, e acaba dando acesso pela cidade. É feito o trabalho nos pontos de ônibus, mostrando se um determinado ponto foi desativado e indicando o mais próximo. Também teremos sete postos de informações para que as pessoas sejam direcionadas em caso de dúvidas.

“Existe uma integração muito sólida entre as forças policiais, principalmente PM e Guarda Municipal, para haver não ‘desperdício’ de efetivo em alguns locais”

As festas nos palcos oficiais serão encerradas às 23h e os desfiles dos blocos, 22h. O que será feito para garantir o rigor no cumprimento do horário?

Reduzimos, agora, de 1h para 23h o horário nos palcos por uma série de questões, até mesmo por entender que a cidade é de todo mundo. Quanto aos blocos, o horário foi acordado por meio de mais de 470 reuniões, nas quais os trajetos foram definidos. Quem cadastra o horário é o próprio bloco, e há uma conversa com os órgãos envolvidos para ver se é seguro, se vai causar impacto no local. Tudo é negociado. Não tem como fazer um evento desse tamanho sem ordem. Precisamos que tudo seja cumprido para ser uma grande festa, inclusive para aqueles que estarão trabalhando.Riva Moreira

O que leva, inclusive, aos carros de som. A Belotur vai tolerar essa prática no Carnaval?

Carro de som não é permitido no Carnaval nem em outro momento na cidade. Ninguém tem autorização para ligar o som automotivo nas ruas, fazer grandes aglomerações, atrapalhando a mobilidade, a segurança e a vizinhança. Isso não é aceito. O que acontece é que termina um bloco, que segue o que foi acordado, e, às vezes, um terceiro liga o carro de som e continua mantendo os ambulantes. Então, temos problemas. Mas existe um trabalho integrado para monitorar as dispersões dos blocos para não ter ocorrências como as registradas em 2017. No ano passado já foi sucesso e trabalhamos para que em 2019 seja melhor.

Foram cadastrados 13 mil ambulantes, 4 mil a mais que em 2018. Pessoas sem permissão para o comércio poderão ser punidas?

Elas podem ter os materiais apreendidos e serem multadas É importante ressaltar que a venda só é permitida no trajeto do bloco de rua. A comercialização dos produtos não pode ser em nenhum outro lugar, como na frente de um bar, por exemplo.

Tem se discutido muito o atendimento médico ao público, como os primeiros socorros...

Desde 2017 disponibilizamos postos médicos avançados. Nesses locais é possível fazer os primeiros atendimentos e conseguimos desafogar UPAs (Unidades de Pronto-Atendimento) e postos de saúde, que têm problemas mais sérios do que muitas vezes o excesso de álcool. A novidade para 2019 é que teremos duas carretas em circulação com médicos e enfermeiros. Elas vão transitar onde podem ocorrer aglomerações.

Nesta semana, o Hoje em Dia mostrou que grades foram colocadas na rua Sapucaí para evitar acidentes. Mas houve muita reclamação por conta dos prejuízos a quem vai lá buscar uma vista privilegiada. Como você avalia essa medida?

Vejo de uma forma muito natural, pois é uma ação de segurança. A Sapucaí vem sendo ocupada, o que é bastante positivo. Porém, durante o Carnaval, além de aumentar substancialmente essa ocupação, teremos muitos blocos passando por lá quase todos os dias, o que é bem diferente do dia a dia da cidade, e nesse período sabemos que as pessoas bebem e se exaltam. Não queremos o risco de alguém cair lá embaixo, e em alguns pontos a altura passa de 15 metros. Dessa maneira, o Corpo de Bombeiros pediu para instalarmos, de imediato, as grades. A Belotur não se isenta de nada que é relativo à segurança para o Carnaval, para os foliões e para a cidade. Entendemos que os painéis (do Circuito Urbano de Arte) são importantes, mas as grades são por um curto período.

“Carro de som não é permitido no Carnaval nem em outro momento na cidade. Ninguém tem autorização para ligar o som, fazer grandes aglomerações, atrapalhando a mobilidade, a segurança e a vizinhança”

Como funcionará a limpeza da cidade durante a folia? Há alguma novidade prevista?

Em pesquisas realizadas durante o Carnaval, a SLU (Superintendência de Limpeza Urbana) é o órgão mais bem pontuado. O bloco passa e, em seguida, todas as ruas estão limpas. Os garis trabalham de acordo com a demanda, não têm horário específico. Se tiver bloco de madrugada, haverá gente limpando. A novidade é que a Belotur, junto com a SLU, formou um “Bloco de Catadores”, com associações de material reciclável que farão coleta seletiva em pelo menos 12 grandes blocos. Somente nessa ação, 130 pessoas atuarão, além do efetivo da SLU.

O que vem sendo pensado para evitar casos de assédio e homofobia?

Dentro das campanhas que realizamos, temos ações efetivas em hotéis, para que não recebam menores de idade, por exemplo. Estão ocorrendo treinamentos em bares e de guardas municipais e policiais militares, que saberão como proceder diante de uma ocorrência desse tipo.

O desastre de Brumadinho impactou a festa em BH? Houve alguma tentativa de reduzir ou cancelar o Carnaval por causa da tragédia?

Obviamente, existe um impacto para quem trabalha para fazer o Carnaval. Afinal, todos os órgãos da PBH foram incubidos de ajudar, como fosse possível, a Brumadinho. Existe uma tristeza por parte de todos, mas a prefeitura não faz o Carnaval. Ela responde uma demanda da sociedade. Por isso, a resposta é a melhor possível para que o Carnaval ocorra com segurança.

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