Governo de Minas nega conhecimento de obra em barragem que rompeu

Renata Evangelista
rsouza@hojeemdia.com.br
26/07/2016 às 12:49.
Atualizado em 15/11/2021 às 20:01
 (Corpo de Bombeiros/Divulgação)

(Corpo de Bombeiros/Divulgação)

O Governo de Minas teria vistoriado e recebido informações e fotos sobre as obras feitas pela Samarco na Barragem Fundão, em Mariana, região Central de Minas. As intervenções que mudaram a geometria do reservatório teriam provocado o rompimento da estrutura. A informação foi publicada nesta terça-feira (26) no jornal Folha de São Paulo.

Conforme o diário, durante as gestões de Antonio Anastasia (PSDB), Alberto Pinto Coelho (PP) e Fernando Pimentel (PT), foram feitas ao menos três vistorias no reservatório que ruiu. As fiscalizações teriam apontado as irregularidades na barragem.

O governo de Minas, contudo, rebate a denúncia e nega que soubesse das mudanças de eixo da estrutura da barragem. Em nota, garantiu que os órgãos ambientais não foram notificados sobre as intervenções realizadas em Fundão.

"A empresa, em nenhum momento, apresentou pedido de autorização de projeto ou comunicado específico acerca da mudança de eixo da referida barragem", informou por meio de nota.

Ainda em comunicado enviado à imprensa, o Estado explicou que o licenciamento ambiental não é instrumento para autorizar alteração de projeto na estrutura da barragem. "Tal autorização e licenciamento só se dariam após apresentação de questionamento oficial específico sobre suas necessidades  – procedimento não realizado pela empresa".

O rompimento da barragem causou o maior desastre ambiental do país. O vazamento, ocorrido em 5 de novembro de 2015, provocou uma "tsunami" de rejeitos de minério, devastou vilarejos, matou 19 pessoas. O colapso da barragem gerou uma onda de lama que percorreu 55 km do Rio Gualaxo do Norte até atingir o Rio do Carmo, no qual percorreu mais 22 km, e chegar ao Rio Doce, no qual viajou mais algumas centenas de quilômetros até chegar ao mar, 16 dias depois, no norte do Espírito Santo. 

No total, segundo o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), 663 km de rios foram diretamente impactados. No trajeto, aproximadamente 40 bilhões de litros de rejeitos de minério matou várias espécies de peixes.

A tragédia ainda é investigada e mas vários executivos, incluindo o ex-diretor-presidente da mineradora, Ricardo Vescovi, foram indiciados.

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