Greve no metrô leva passageiros aos ônibus e aumenta risco de Covid

Renata Evangelista
rsouza@hojeemdia.com.br
25/06/2020 às 07:59.
Atualizado em 27/10/2021 às 03:51
 (Lucas Prates/Hoje em Dia)

(Lucas Prates/Hoje em Dia)

Com o metrô de Belo Horizonte operando em escala reduzida desde ontem, passageiros migram para os ônibus, aumentando as chances de aglomeração nas filas e no interior dos coletivos, além da possibilidade de contágio pelo novo coronavírus na capital.

O Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros (Setra-BH) garante ter veículos reserva para reforçar o sistema conforme a demanda. Porém, médicos são categóricos ao afirmar que a situação preocupa. Ontem, a capital mineira ultrapassou a marca negativa de 100 mortes provocadas pela Covid-19.

O avanço da doença motivou a greve dos metroviários. Os vagões só estão funcionando nos horários de pico determinados pela Justiça, das 5h30 às 10h e das 16h às 20h. A restrição obriga quem depende dos trens a optar pelos ônibus.

A estudante de Educação Física Luciene Caetano usou o metrô para ir ao Centro na manhã de ontem. Na volta, deparou com a surpresa da paralisação e encontrou a estação Central fechada. “Não sabia. Agora, vou ter que olhar qual ônibus pegar. Sem o metrô, acho que minha viagem de volta vai demorar mais uns 45 minutos”.

Vagões do metrô de BH só estão funcionando nos horários de pico determinados pela Justiça, das 5h30 às 10h e das 16h às 20h

Também ontem, por volta do meio-dia, o Hoje em Dia flagrou um veículo do Move com muitos passageiros em pé, desrespeitando o distanciamento preconizado pelas autoridades de saúde. A lotação nos carros preocupa autoridades e especialistas.
Infectologista integrante do Comitê de Enfrentamento de Combate à Covid da cidade, Carlos Starling explica que os riscos de contaminação no transporte público são altos, pela possibilidade de contato e aglomeração entre as pessoas. “Com mais usuários nos ônibus, maior a probabilidade de transmissão do vírus”, frisou.

Sem conversa

O médico recomenda que os passageiros reforcem os cuidados de segurança. Além do uso obrigatório das máscaras e do distanciamento entre as pessoas dentro dos veículos, a conversa deve ser abolida nos coletivos. “Quanto menos se fala, menor o risco de transmissão e menor a chance de ficar doente. Além isso, é preciso tomar o cuidado de higienizar as mãos antes e depois de usar o ônibus”, ensinou.

Para o infectologista Sidnei Rodrigues, os órgãos públicos estaduais e municipais - de saúde e de transporte – deveriam pensar em medidas para evitar as aglomerações nos ônibus. “É preciso uma ação integrada entre os diferentes entes para garantir que as pessoas fiquem em casa”.

Funcionários

O Sindicato dos Metroviários de BH (Sindimetro) garante que a greve ocorre em prol da população. “Queremos evitar um colapso do sistema. Hoje, quatro metroviários já receberam o diagnóstico positivo para Covid-19. 

Se os funcionários começarem a ficar doentes, o metrô para”, defendeu o presidente da categoria, Romeu Machado. Para o Sindimetro, os passageiros não serão prejudicados, porque os horários em que os trens não vão circular têm baixa demanda.

Além disso:

A empresa que gerencia o tráfego na metrópole disse que tem um plano de reforço das linhas que atendem às estações Vilarinho e São Gabriel. “A BHTrans está acompanhando, juntamente com o COP-BH, e realizando viagens extras, em caso de necessidade”, informou. 

Já o Setra-BH declarou que acompanha a evolução da demanda diariamente. “A entidade destaca que ônibus reservas estão à disposição nas estações de integração BHBus (Pampulha, Venda Nova, Vilarinho, São Gabriel, Diamante e Barreiro), prontos para realizar viagens extras, se necessário”.

Atualmente, 60% da frota de 2.853 ônibus realizam 15 mil viagens por dia em BH. O sindicato avalia que o número é suficiente para atender os moradores. “Antes da pandemia, os ônibus realizavam cerca de 24,5 mil viagens por dia, transportando até 1,2 milhão de pessoas. Hoje, o sistema opera com cerca de 40% do número de passageiros que usavam o transporte coletivo antes da pandemia, uma queda de mais de 60%”, explicou.

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