Guidoval ainda tenta se restabelecer do caos

Ana Clara Otoni - Do Hoje em Dia
03/10/2012 às 09:00.
Atualizado em 22/11/2021 às 01:46
 (Felipe Couri/Hoje em Dia)

(Felipe Couri/Hoje em Dia)

A devastação que transformou Guidoval, na Zona da Mata, em um cenário de tristeza, lama e sofrimento deixou um legado de prejuízos ainda contabilizados pelos 7,2 mil habitantes. No dia 3 de janeiro a cidade decretou, por 90 dias, situação de emergência depois que 2 mil pessoas ficaram desalojadas, 102 desabrigadas e 122 casas foram completamente destruídas. Segundo a Defesa Civil, duas pessoas morreram na cidade.  Dona Maria Helena de Souza Ferreira tem 70 anos e ficou marcada para sempre pelo temporal do dia 2 de janeiro. Ela dormia na casa onde mora há 30 anos com o marido, quando foi acordada pelos vizinhos. “Eles gritaram que o rio tinha transbordado e que a gente tinha que sair. Quando vi a água já estava no joelho. Fiquei sem nada, sobrou a geladeira e duas camas”, contou a idosa.

O rio Xopotó passa por trás da rua Padre Baião onde dona Maria Helena mora. Na via, quatro casas desabaram após serem invadidas pela água. “Foi uma tristeza só. Eu chorava de dia e de noite. Dormi em um colchão frio no chão, peguei muita friagem  e desenvolvi uma pneumonia que trato até hoje”, relembra os traumas vividos no início do ano.

O governo federal prometeu R$ 2,3 milhões para a cidade, porém liberou uma verba de pouco mais de R$ 400 mil para a reestruturação do município, segundo o coordenador da Coordenadoria de Defesa Civil de Guidoval, Silvio Vardieri. O dinheiro foi usado no reparo de acessos, limpeza das ruas, aluguel de máquinas e restabelecimento da ordem na cidade. “Além disso, algumas famílias estão recebendo aluguel-social de R$300 por mês a partir desse recurso”, explica. Segundo ele, apenas treze famílias se adequaram aos critérios da Lei Orgânica do Município, que determina a concessão do benefício para famílias que recebem até meio salário-mínimo per capita. Embora não tenha entrado na seleção, dona Maria Helena reclama que passa dificuldades sem ajuda das autoridades. “Muita gente não recebeu nada. Tenho um vizinho que ficou com a roupa do corpo e não ganhou ajuda. Agora é contar com Deus para não chover esse ano como foi em janeiro”, disse. 

A cidade se prepara para o período chuvoso por meio da orientação a população, treinamento dos membros da Comdec e de uma parceria entre o município e a Rural Minas, órgão do governo do Estado, para limpar o rio. “A expectativa é retirar 5 mil m³ de detritos em uma semana de atuação. A ideia é desobstruir pontos do rio em uma espécie de dragagem”, afirmou. Uma ponte que dá acesso à cidade foi destruída com a chuva. A reparação custou R$ 19,8 milhões ao governo estadual. Ao todo, foram cinco meses de obras. Durante o período uma travessia provisória de 130 metros de extensão e 11 metros de largura foi construída pelo Exército. Já a Câmara de Vereadores da cidade, calcula que apenas R$ 706 mil tenham sido repassados do valor previsto pelo governo federal para Guidoval.

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